Tempo na segunda quinzena de Maio – Será que vem aí o Verão? Ou continuará instável? – Análise completa!

Conteúdos
O tempo na segunda quinzena de Maio promete trazer novidades, e por isso fazemos neste mês uma atualização da nossa previsão mensal, agora que se começa a vislumbrar um padrão atmosférico um pouco mais previsível
A MJO está atualmente nas fases 2\3, e prevê-se que possa continuar (convecção mais ativa sobre o Oceano Índico). As fases 2\3 da MJO são percursoras de NAO+ (reforço do anticiclone nos Açores), por norma
Podemos ver essa previsão por parte da NOAA
Ora, também segundo a NOAA, apesar da MJO estar favorável a que o anticiclone se fortaleça sobre os Açores, a NAO aparece como praticamente neutro dentro de dias, e não positiva como seria expectável
Isto pode, possivelmente, ser explicado (em parte) pelo aquecimento súbito da estratosfera de Março, que reverteu os ventos e perturbou o jet-stream, sendo que agora com o aquecimento final da estratosfera, natural no final da Primavera, o jet-stream continua bastante instável
Maio é um mês tipicamente instável, conhecido pelo “mês das trovoadas” precisamente por causa destes fatores, naturais todos os anos – sendo que este ano está a ser notoriamente mais frio e até chuvoso mais a Norte, e não tanto um mês de trovoadas
Agora que a NAO ficará perto da neutralidade, ou mesmo NAO+, pontualmente, é possível que o padrão atmosférico mude (continue a ler para mais detalhes)
CHEGARÁ O CALOR NA SEGUNDA QUINZENA? O QUE DIZEM AS PREVISÕES?
A resposta curta é: Sim, chegará o calor. Mas com dias pelo meio em que ele será interrompido…
Para uma resposta mais completa e concreta vamos começar por olhar a dois modelos meteorológico, o muito fiável ECMWF – na sua previsão semanal de longo prazo
Olharemos também ao modelo GFS, que ultimamente sem sido menos fiável, com a sua previsão de ensemble na última atualização
Comecemos por analisar o ECMWF
- Alta pressão nos Açores a estender-se para a Península Ibérica e em direção ao Norte da Europa entre dias 20 e 27
- Nesses dias também previsão de pressão mais baixa na Gronelândia, numa configuração de NAO+, que nos traria sem dúvida o calor de volta!
- Entre dias 27 de Maio e 3 de Junho o modelo aponta algo diferente, com o anticiclone novamente mais a Oeste da Península – e com anomalia positiva de geopotencial no Norte de África
- Isto leva-nos a crer que uma nova depressão poderá surgir, e eventualmente isolar-se
- Aumentaria assim o risco de trovoadas – mas visto que África está com forte anomalia de temperatura, e pelas previsões continuaria, o risco de a qualquer momento surgir um fluxo Sul que leve calor muito intenso a Portugal Continental é mais elevado
- Em ambas as semanas para as Ilhas a previsão é de tempo relativamente seco, devido ao anticiclone, apenas com alguns aguaceiros fracos possíveis, sempre com pouco vento e mar calmo – típico de sinal de início de Verão!
Podemos ver as cartas referentes às 2 semanas analisadas nas imagens abaixo
A previsão de ensemble GEFS vai até dia 1 de Junho, e mostra o seguinte
- Subida gradual das temperaturas a partir do fim-de-semana 18\19 de Maio, com pico entre dias 23 e 25\26
- A média de temperatura a 850hPA segundo este modelo para estes dias ronda 16ºC, com variabilidade entre aproximadamente 10ºC e 24ºC – o que significa que o grau de incerteza ainda é grande
- O cenário mais provável serão temperaturas acima de 30ºC em alguns locais, mas ainda um pouco longe dos 40ºC
- Ainda assim temos de ir acompanhando como evolui
- Nesse período o modelo GEFS não prevê precipitação
- Depois de dia 26 e até início de Junho a média de ensemble mostra já uma tendência descendente na temperatura, novamente, assim como ligeiro aumento da probabilidade de instabilidade
- De uma certa forma não é muito diferente da previsão do ECMWF
CHEGARÁ AGORA O TEMPO SECO? OU SERÁ UM JUNHO MAIS PARECIDO COM 2018 (CHUVOSO) ?
O tempo seco poderá chegar, de facto, ainda durante uns dias em Maio, conforme evidenciado pelo ECMWF e GEFS, principalmente entre dias 22 e 26\27, no entanto o final do mês é uma incógnita, novamente com sinal para alguma instabilidade a surgir em ambos os modelos
Possibilidade de alguma cut-off (depressão isolada) ou de alguma depressão com alguma frente mais a Norte e maior frescura? Sim, é bem possível!
Assim, para já, não prevemos tempo seco de forma duradoura (mais de 10 dias seguidos), com probabilidade de surgirem trovoadas mais intensas no final da Primavera e no início do Verão
O modelo ECMWF mostra uma tendência clara para alguma instabilidade na primeira quinzena de Junho, seguido por uma viragem para Verão (que preocupa, pois a anomalia de temperaturas é elevadíssima em África), pelo que certamente poderemos imediatamente partir para o início daquilo que deverá ser um Verão extraordinariamente quente em Portugal Continental
Assim, de uma forma geral, o tempo chuvoso está a chegar ao fim, e entraremos num período de fortalecimento do anticiclone, o que é normal com o aumento da radiação solar incidente no hemisfério Norte, e com a reorganização natural da atmosfera depois das várias perturbações na estratosfera
Esse período de fortalecimento do anticiclone irá levar-nos a períodos secos, intercalados com trovoadas de Primavera, até que estabilize de forma mais definitiva – e isso conforme referido poderá surgir na segunda quinzena de Junho, terceira ou quarta semanas – ao que tudo indica, tanto os modelos Europeus como Americanos
Para a região Norte são boas notícias, para a região Sul… nem por isso, mais detalhes já de seguida
Primeiro podemos ver as cartas do modelo ECMWF para as semanas 3 a 10 de Junho e 17 a 24 de Junho em que podemos observar
- Na semana 3 a 10 de Junho a média das previsões ECMWF indica um anticiclone nos Açores, enquanto em Portugal Continental a tendência é para geopotencial abaixo da média (indicativo de instabilidade\trovoadas)
- Assim nessa semana poderemos ter temperaturas perto\abaixo da média, e alguma instabilidade no Continente, e estabilidade e temperaturas normais nas Ilhas
- Como exemplo, no entanto, entre dias 17 a 24 de Junho a previsão ECMWF está para já bastante confiante num cenário de anticiclone centrado no Oeste da Europa
- Este cenário poderá permitir a primeira grande onda de calor de 2024 – com temperaturas acima (provavelmente bem acima) de 40ºC
- É um cenário corroborado por outros modelos, pelo que a probabilidade é superior a 50%
SECA NA REGIÃO SUL – COMO IRÁ EVOLUIR?
Sem surpresas a seca na região Sul voltou, ainda que fraca e em alguns locais, apenas, no final de Abril, sendo que no final de Maio deverá regressar a toda a região segundo a antevisão e as previsões atuais
A seca que estamos a mencionar trata-se da seca METEOROLÓGICA, que é diferente da seca HÍDRICA
A seca hídrica, infelizmente, é mais grave atualmente que a seca meteorológica
É verdade que as barragens subiram bastante durante os meses de Fevereiro a Abril, felizmente, e isso faz com que as reservas disponíveis permitam enfrentar o Verão com um pouco mais de otimismo – mas nunca poderá ser exagerado
No entanto um Verão extraordinariamente quente como está a ser previsto será sempre um fator que tem de ser levado em conta – a evaporação será extraordinária durante o Verão!
Por essa razão quando chegarmos ao início da época chuvosa, ou seja por volta de Novembro, muito provavelmente a região Sul estará numa situação bastante crítica, novamente, e será necessário que chova bem, de novo, para repor o que foi perdido\gasto durante o Verão
Infelizmente a região Sul vive nisto... ano após ano a dificuldade é maior em repor o que é gasto, e é inevitável que, mais ano menos ano, haja um “colapso” total no abastecimento
É assim urgente o investimento em soluções que permitam às populações do Alentejo e Algarve terem acesso ao bem essencial que é a água, e é também necessário perceber que não se pode “viver do que não se tem”, e os gastos descontrolados de água na região Sul terão de terminar, pois são totalmente insustentáveis
Para já não avançamos com nenhuma previsão Outono\Inverno, pois não é previsível com fiabilidade, mas historicamente após um El Niño forte, e com a entrada em La Niña como é previsível, temos assistido a Outonos\Invernos de MUITO ANTICICLONE e bem mais secos que o normal, com longos períodos de seca
Para já fica a carta de água no solo prevista para dia 20 de Maio segundo o IPMA\ECMWF – solos ainda saturados a Norte, mas já com pouca água entre os 0 a 100cm no Sul
NOTAS FINAIS E FONTES USADAS PARA A INFORMAÇÃO
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Fontes usadas para esta informação meteorológica