Análise Climática

Fim do El Niño, chega La Niña! Irá o tempo estabilizar ou continua instável? E como poderá ser o Verão? Saiba tudo!

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O El Niño está praticamente terminado – aliás algumas agências, como é o caso da agência australiana já o indicaram como terminado. A agência americana NOAA atualiza a sua informação e prognóstica à segunda Quinta-feira de cada mês, pelo que nesta Quinta, dia 9, é provável que assinale também o fim do fenómeno El Niño

Estamos assim agora em território “ENSO neutro” – mas o que significa isto? Temos um artigo explicativo sobre este fenómeno e as suas consequências que pode ler CLICANDO AQUI 

Mas o que quer dizer isto na realidade para o tempo nos próximos meses? Este tempo instável que temos tido, com elevadas variações, tem relação com isto e vai mudar, ou vamos ter um Verão de altos e baixos? Bem, para responder a essa pergunta é necessário analisar vários fatores e conexões – mas em jeito de resumo a instabilidade vai persistir durante mais 1 mês, pelo menos, pelo que Maio e pelo menos parte de Junho ainda trarão oscilações de temperaturas, e por vezes instabilidade

Antes de analisarmos mais aprofundadamente vamos ver a previsão do modelo ECMWF para Junho – e podemos ver que, neste mês, este modelo prevê ainda um anticiclone com pouca presença na média do ensemble – poderá ainda não ser um mês de Verão como já tivemos noutros anos, bem quente, mas sim algo instável e variável, como foi por exemplo 2018

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Deve ser notado que previsões a esta distância têm uma baixa fiabilidade geral, pelo que são apenas meras tendências a confirmar!

El Niño - Anticiclone em latitudes a Norte em Junho?


IRÁ O TEMPO INSTÁVEL E VARIÁVEL CONTINUAR AO LONGO DAS PRÓXIMAS SEMANAS?

Antes de passarmos a uma análise dos efeitos do ENSO fazemos uma previsão resumo para as próximas semanas

Sim, a tendência CLARA nos modelos de previsão é para a continuação de tempo variável, sem que o tempo fique estável mais que uma semana seguida, e sem calor de forma persistente

O modelo ECMWF, por exemplo, tem vindo a prever um Maio com pouca presença anticiclónica, estendendo essa previsão para Junho

É o nosso modelo de referência para previsões a longo prazo – e por isso aquele que utilizamos com maior frequência – no entanto outros como o Americano CFS concordam com essa previsão

A presença de altas presenças nas latitudes mais a Norte é constante, o que significa que as depressões são forçadas a descer mais em latitude

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Não se descarta mesmo ainda mais alguma neve na Serra da Estrela antes do início do Verão

Para exemplificar deixamos a previsão entre 20 a 27 de Maio – com pressão alta em latitudes mais altas, o que deixa em aberto a possibilidade de instabilidade na nossa latitude. Tal poderá continuar nas semanas seguintes, adiando a chegada do Verão mais estável – Junho poderá manter uma tendência algo instável

Instabilidade mantém-se em Maio e talvez Junho


EL NIÑO A TERMINAR, LA NIÑA EM BREVE – SÃO ESTES OS FATORES CAUSADORES DESTE TEMPO TÃO VARIÁVEL?

Podemos dizer que poderá ter algum impacto, mas o El Niño Southern Oscillation, ou ENSO como é conhecido, é apenas um fator em toda a instabilidade que temos tido, não sendo o mais dominante

Ainda estamos a sentir alguns efeitos do aquecimento súbito da estratosfera, de Março, que depois acabaram por se ligar com os efeitos do aquecimento final da estratosfera em Abril (fenómeno normal e natural, típico de final de Inverno)

O aquecimento súbito da estratosfera em Março acabou por ter consequências na circulação atmosférica (com a propagação da reversão dos ventos que habitualmente sopram de Oeste para Leste, e passaram a soprar de Leste para Oeste, para a troposfera (tornando o jet-stream muito mais ondulado) e propiciando um final de Inverno e Abril bem mais instáveis e frescos

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O anticiclcone ficou mais frágil e quando estava em recuperação tivemos o natural aquecimento final da estratosfera, e o jet-stream enfraqueceu, quando o anticiclone ainda se encontra “em recuperação”

O fim do El Niño e a alteração dos padrões de pressão atmosférica sobre o Pacífico que surgem por esse motivo também, admitimos, contribui para manter o anticiclone mais afastado

Obviamente o Verão chegará, e trará maior estabilidade – e com o Atlântico tão quente a probabilidade de ser um Verão muito quente é mesmo muito grande – mas, para já, não se verá isso pelo menos até meio de Junho

Mas, como “curiosidade” fica a previsão de anomalia de geopotencial prevista pelo modelo ECMWF para o período Julho a Setembro – muito calor para Portugal Continental provável. Mais uma vez notem que é APENAS uma tendência!

Anomalia de geopotencial no Verão


FIM DO EL NIÑO – IRÁ O AQUECIMENTO GLOBAL PARAR\ABRANDAR?

Muito se tem falado que a aceleração rápida do aquecimento global vista em 2023 teria a ver com o El Niño

Na realidade, segundo a comunicação social, e alguns meteorologistas e climatologistas, era tudo relacionado com o El Niño. Seja um fenómeno de tempo severo, seja o calor que se ia registando (ou frio), ou um extremo de chuva tínhamos sempre o nome “El Niño” na notícia

Na realidade é altamente enganador dizer que o fenómeno El Niño foi responsável pelo aquecimento deste último ano – afinal “El Niños” já houve muitos, e nunca nada semelhante aconteceu

Temos de analisar mais profundamente: Os gases com efeito de estufa estão (ainda) a aumentar, apesar dos supostos esforços para os reduzir, e a redução de poluição dos navios devido à nova legislação levou a uma redução de fumos na atmosfera e maior radiação solar incidente no Atlântico, que aqueceu tremendamente. Ao mesmo tempo os esforços da China na descarbonização podem ter tido um efeito semelhante no Pacífico Oeste

Assim o aquecimento dos oceanos foi muito óbvio, e bateram-se todos os recordes, e recorde-se que a água é MUITO mais difícil de aquecer do que o ar. Ora com a água mais quente há libertação de vapor de água – que é um gás com efeito de estufa também, mais potente que o CO2. Tudo isto levou a que a temperatura global tenha vindo a aumentar, e continue muito elevada – Abril de 2024 foi o mais quente já registado, 1.6ºC acima da era pré-industrial segundo dados revelados hoje, 8 de Abril, pela agência Copernicus

Ora com o fim do El Niño esperamos apenas uma ligeira redução no ritmo de aquecimento, ou talvez uma estagnação, mas a temperatura irá manter uma base muito alta (mais de 1,5ºC acima do pré-industrial provavelmente) – sendo que no próximo El Niño os recordes agora estabelecidos serão novamente quebrados, quase certamente

Infelizmente o problema não são fatores naturais como este, são fatores antropogénicos, e estão identificados, por isso não mudará muito a situação

Deixo o gráfico de temperatura global em 2024 desde o início do ano até agora – todos os dias a temperatura tem estado acima de 2023 – que tinha sido o ano mais quente – pelo que infelizmente as coisas continuam com mau aspeto (via ClimateReanalyzer, dados ERA5)

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Fim do El Niño, chega La Niña! Irá o tempo estabilizar ou continua instável? E como poderá ser o Verão? Saiba tudo!


ÉPOCA DE FURACÕES MUITO ATIVA DEVIDO À PREVISÃO DE LA NIÑA?

Sim, é MUITO PROVÁVEL

La Niña é um fenómeno contrário ao El Niño, ou seja temos água mais fria que o normal no Pacífico Equatorial Leste, e, por norma, leva a que os padrões atmosféricos enfraquecem os ventos em altitude no Atlântico, assim como o cisalhamento\wind-shear – fatores inibidores de formação de furacões

Sem esse efeito inibidor, que esteve presente em anos anteriores com o El Niño, os furacões terão mais facilidade em ganhar força num ambiente com águas em temperatura recorde, o que aumenta também a humidade

Assim o modelo ECMWF, por exemplo, prevê que a época de furacões tenha até 2 vezes mais atividade do que o normal, e vários institutos começam a lançar as suas previsões, falando já de 20 a 30 tempestades nomeadas, incluindo cerca de 10 furacões e 3\4 furacões categoria 3+

Obviamente isto são números estimados e a realidade será diferente, por certo, mas no final de contas o que conta é a tendência – e essa é clara, e se nada mudar podemos ter uma época de furacões catastrófica, com fortes impactos na costa Leste e Sudeste dos EUA, assim como algum risco para os Açores (para o Continente parece menos provável, mas…)

Isto poderá ter fortes impactos sociais, económicos e, acima de tudo, poderá levar a um repensar do “que andamos a fazer ao planeta”, pois os furacões são o fenómeno meteorológico potencialmente mais devastador – e este ano podem mostrar toda a sua fúria

Por outro lado na Costa Oeste dos EUA poderemos ter novos recordes de temperatura, havendo mesmo já “apostas” se será, ou não, batido um novo recorde no Vale da Morte. Ora dados os padrões atmosféricos previstos e a temperatura global infelizmente quem aposta “Sim, será batido um novo recorde de temperatura mundial” tem boas chances de acertar. Infelizmente essas temperaturas nessa região muitas vezes são acompanhadas por outro fenómeno devastador, os incêndios, e este ano, esperemos estar errados, mas não deve ser exceção – com a Califórnia e Canadá a serem os prováveis afetados

Podemos ver na carta abaixo a previsão de vários modelos de contínua descida da temperatura nas áreas El Niño (Pacífico Equatorial Leste) indicando que o fenómeno não só está a terminar como a inverter (entrada em La Niña), com elevada probabilidade

Previsão La Niña

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Fontes usadas para esta informação meteorológica

Meteociel

ECMWF

ClimateReanalyzer

NOAA

Luso Meteo

A Luso Meteo é um serviço de informação e previsão meteorológica, focado essencialmente em Portugal, mas também com um olhar atento ao mundo, ao clima, e a tudo o que se vai passando, para lhe trazer todas as informações, sempre atualizadas e relevantes, para que possa planear os seus dias e as suas atividades.

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