Vórtice polar muito forte e ciclogéneses explosivas – Saiba a explicação, e o que significa para o tempo em Portugal no resto do inverno 2025!

Conteúdos
Conforme havíamos referido em várias análises anteriores, se havia ano em que o vórtice polar dificilmente iria sofrer uma quebra… seria 2025! Há vários fatores (dos quais já falaremos), que tornam essa probabilidade muito mais baixa, e isso tem consequências na circulação geral da atmosfera. Mas de que forma afeta Portugal, e de que forma afetará o Inverno em Portugal?
Estamos a caminhar para o fim do inverno 2024-2025, praticamente 2\3 do mesmo concluídos, tendo tido um dezembro muito seco (efetivamente o mais seco dos últimos 94 anos). Janeiro tem sido mais seco que o normal, no geral, mas este episódio chuvoso, iniciado no dia 19, e que pode durar até dia 27, aproximadamente (embora com dias melhores) poderá levar o mês para perto da média em termos de precipitação, talvez ligeiramente acima do normal
Mas parece algo temporário – ou talvez não? As previsões a longo prazo são complexas, e por vezes surpresas acontecem, como foi o caso neste final de janeiro – as previsões acabaram por falhar, e, surpreendentemente, e, felizmente, vai chover bem!
E porque é que se deu esta alteração que levou a que o jet-stream (corrente de jato, a 10km de altitude) atinja 400km/h na semana de 20 a 27 de janeiro? Bem… uma perturbação do vórtice polar! Reparem, na imagem abaixo, como o mesmo se esticou para Sul, em direção aos Estados Unidos da América, onde o frio se instalou, de forma extrema, localmente! É este ar frio que, ao entrar no Atlântico, e devido à variação de temperatura da água do mar, provoca processos de ciclogénese explosiva, que levarão a várias tempestades nomeadas!

VÓRTICE POLAR FORTE – ALGO MAIS COMPLEXO DO QUE PARECE!
Normalmente, e como já falamos em análises anteriores (em anos anteriores), um vórtice polar forte não favorece o frio em latitudes médias, como na América do Norte, por exemplo – então o que é diferente este ano?
Bem… É bastante mais complexo do que parece! Apesar de se tratar, de uma forma simplificada, de um ciclone em larga escala, e ar muito frio em elevada altitude, na estratosfera, sobre os pólos, que, durante o inverno, pode sofrer perturbações e, eventualmente “quebrar”, pelo que esse ar frio pode descer para as latitudes médias (onde a maior parte da população vive)
Então porque razão, em 2025, estamos a ter um episódio de frio extremo, que levará também a uma corrente de jato muito perturbada sobre o Atlântico, se o vórtice polar está forte, e vai continuar forte, até mais forte do que até aqui, possivelmente?
Bem, porque o mesmo tem várias “camadas” – e, na camada inferior, a camada mais próxima da troposfera, o vórtice polar, efetivamente, foi perturbado, pela orografia (montanhas), sistemas de altas pressões, entre vários outros fatores – é muito complexo, mais complexo até do que conseguimos compreender!
A partir daí, e havendo uma ligação à troposfera (a camada mais baixa da troposfera), como foi o caso (ver imagem abaixo), sobre a América, o frio é inevitável, com todas as outras consequências na circulação atmosférica

Como já referimos em diversas ocasiões, em anos de La Niña, e com QBO (Quasi-Biennal Oscillation) na fase positiva (Oeste), a probabilidade de haver uma quebra do vórtice é muito improvável – e com previsões agora mais fiáveis, e faltando pouco mais de 1 mês para o fim do inverno, parece praticamente impossível um aquecimento súbito da estratosfera – o principal fator que, habitualmente, leva a que este se “desfaça” no inverno – como temos visto em anos anteriores!
O padrão geral de circulação também parece favorecer que o vórtice polar, na baixa estratosfera, estabilize um pouco
Assim, o frio em latitudes médias poderá ser um pouco menos ao longo do resto do Inverno – resultando em, possivelmente, um resto de Inverno bem mais “quentinho” na América, mas também na Europa\Ásia
Infelizmente isso são más notícias, talvez em vários sentidos – chuva menos provável nas regiões mais a Sul, que mais necessitam, e falta de neve – infelizmente parece cada vez mais provável um dos invernos com menos neve já registados em Portugal!
Se se mantiver estável até ao final do inverno, e no início da primavera, pode vir a provocar uma primavera um pouco mais instável, no entanto – mas isso falaremos depois…

CORRENTE DE JATO MUITO FORTE NO ATLÂNTICO, E VÁRIAS TEMPESTADES
Todo este frio sobre a América do Norte acaba por “alimentar” o Atlântico Norte, que tem estado bastante “suprimido”, com um bloqueio anticiclónico, e com poucas depressões, que se têm encontrado bem mais a Norte
Ao longo dos próximos dias (até final de janeiro, pelo menos), a interação do ar frio com a água no Atlântico, levará então à formação de várias depressões, por vezes com processos intensos, ou mesmo extremos de génese (ciclogéneses explosivas) – queda de pressão superior a 24hPA em 24 horas
Uma dessas depressões será formada entre dias 23 e 24 de janeiro, e afetará as Ilhas Britânicas (quase garantidamente será nomeada como Éowyn, e afetará particularmente a Irlanda\Irlanda do Norte, norte de Inglaterra e Escócia – em termos de pressão atmosférica, se as previsões se mantiverem, pode ser uma das depressões mais fortes dos últimos 200 anos, pelo que há que acompanhar…
A frente associada afetará também Portugal, que deve ter dois dias mais secos (quinta e sexta, 23-24 de janeiro), mas seguidos, talvez ainda no dia 24 ao final da tarde, por uma nova superfície frontal, e mais chuva
Mas não fica por aqui! O Atlântico continua MUITO ativo, e por volta de dias 26\27 poderá haver outra depressão (Floris?), novamente a afetar as Ilhas Britânicas diretamente, e Portugal, indiretamente – com chuva forte e, provavelmente, vento forte. O mais significativo pode mesmo ser a agitação marítima
Para todos os detalhes consulte a nossa previsão semanal AQUI

O QUE NOS DIZEM AS PREVISÕES PARA O RESTO DO INVERNO?
Nada mudou, apesar desta perturbação do vórtice polar, e esta alteração no fim de janeiro – continuamos a prever, que, no geral, seja um inverno muito seco
Fevereiro será um mês marcado por um vórtice polar forte, e com um padrão atmosférico na troposfera menos favorável a que seja perturbado em toda a sua extensão em altitude, pelo que, provavelmente, veremos uma imagem 3D do vórtice polar bastante mais uniforme que a atual (reparem na imagem abaixo, na parte inferior, como o mesmo se estende sobre a América do Norte atualmente!)

Com um vórtice polar forte, e restrito em toda a sua extensão às latitude > 60ºN não é surpreendente que os modelos meteorológicos continuem, fortemente, a apostar num fevereiro seco em praticamente toda a Europa Central\Sul, incluindo Portugal Continental
Obviamente que não podemos ainda confirmar, uma vez que as previsões da estratosfera são um pouco menos fiáveis, e ainda com alguns bias (no fundo tendem a ir corrigindo à medida que a data se aproxima). A questão que fica, neste momento, então é: Será que irão corrigindo para um vórtice polar ainda mais estável, ou poderá manter-se mais perturbado como neste momento?
É a grande dúvida, que afetará o estado do tempo em praticamente todo o hemisfério Norte
Olhando à carta de previsão do vórtice polar, em 3D, segundo o modelo GFS, podemos ver que o mesmo (quase) um “cilindro” na visualização em 3 dimensões, o que indica que se deverá encontrar forte, estável, e, aparentemente, impossível de derrubar
Estamos obviamente a acompanhar diariamente, pois acreditamos que é o fator determinante no tempo que fará no resto do Inverno em Portugal. A nossa previsão mensal para fevereiro 2025 estará disponível no nosso site, como sempre, perto do final de janeiro – pode verificar na nossa secção de previsões a longo prazo

Conte-nos nos comentários, abaixo: Ficou a compreender um pouco melhor como o vórtice polar se comporta, e quais as implicações que pode ter no tempo? O que tem achado deste inverno até aqui? Ainda acredita numa mudança, e na chegada de mais frio e neve a Portugal?
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