“Besta de Leste”- saiba o que é este fenómeno, e se há possibilidade de regressar em 2025 – O que dizem as previsões atuais? Saiba a nossa informação atualizada!

Conteúdos
Como já temos vindo a referir nas nossas previsões ao longo deste mês de fevereiro, temos estado a acompanhar muito atentamente as movimentações atmosféricas – isto após um cenário semelhante a 2018, ano em que um fenómeno batizado de “Besta de Leste” surgiu em fevereiro e com grandes consequências, ter estado nas cartas
Como temos vindo a dizer a previsão é realmente muito difícil por várias razões – por um lado surgem depressões Atlânticas, algo semelhante ao que aconteceu em janeiro, naquele período realmente chuvoso – mas, por outro lado o anticiclone vai resistindo
A verdade é que já estamos perto do fim da primeira dezena de dias, e, até agora, tirando no dia 7 de fevereiro, com a passagem de uma frente, o mês tem sido, maioritariamente seco e estável
E, neste fim-de-semana teremos dois dias um pouco diferentes, com um sábado mais estável, e um domingo mais instável, com alguns aguaceiros, mas nada muito relevante, pelo que a perspetiva de um fevereiro de muita chuva está, para já, adiada, assim como está, especialmente, um fevereiro muito frio – um cenário de mudança brusca como em 2018 não é para já equacionada
Aliás, olhando à maioria dos modelos, em princípio fevereiro de 2025 será mais um mês a terminar com anomalia positiva de temperatura – com as entradas de leste que chegaram a ser previstas a não passarem de “delírios dos modelos”
Obviamente que estes “delírios” tinham uma razão de ser – os modelos meteorológicos são bastante eficazes na maioria dos cenários, mas, por vezes, há um fator que não conseguem prever e que altera tudo – e, neste caso, foi o vórtice polar – de uma provável divisão do vórtice polar, com um aquecimento súbito da estratosfera, passamos para uma situação bem diferente, com a manutenção do vórtice polar, ainda que um pouco alongado e perturbado, conforme imagem abaixo (Stratobserve)

BESTA DE LESTE DE FEVEREIRO DE 2018 – O QUE FOI?
Numa altura em que enfrentávamos uma grave seca, depois de um verão trágico, com os grandes incêndios de 2017 ainda na memória, e que, infelizmente, se repetiram em outubro, em fevereiro de 2018 começaram a surgir movimentações na estratosfera
Inicialmente não havia grande sinal, mas lentamente os modelos meteorológicos começaram a ser consistentes numa divisão do vórtice polar, depois de um aquecimento súbito da estratosfera – que acabaria por ocorrer por volta do meio do mês
Reparem na carta abaixo, de temperaturas a 10hPA (30km de altitude, aproximadamente), e notem como a estratosfera foi perturbada por temperaturas POSITIVAS, o que significa uma anomalia de mais de 50ºC em relação ao normal

Reparem também como o vórtice polar, ou um dos “vórtices irmãos” acabou por se posicionar sobre a Europa, e especialmente sobre o Reino Unido
A Besta de Leste foi um fenómeno que afetou de forma mais intensa, precisamente, o Reino Unido
De forma algo curiosa não foi uma depressão que causou esta situação, mas sim uma “tempestade anticiclónica”, batizada em 2018 como anticiclone Hartmut
Isto porque foi uma área de alta pressão mais a leste que acabou por empurrar todo este frio para as Ilhas Britânicas, que depois acabou por interagir com ar marítimo, quebrou o anticiclone, e o resto é história – cerca de 45 dias de tempo chuvoso, quase sem parar, em Portugal!
Mas antes de avançarmos com o que está a suceder agora, e explicarmos se é, ou não, possível que se repita, vejamos uma carta de 2018, na mesma altura em que sucedia o aquecimento em altitude, e podemos ver que, à superfície, nada se notava – continuávamos um com inverno bem ameno na Europa, seco, e com a perspetiva de uma seca extrema e prolongada a ser cada vez mais preocupante

PODERÁ ESTE FENÓMENO REPETIR-SE EM 2025? EVOLUÇÃO DAS PREVISÕES
Na meteorologia não há certezas – e tal como há cerca de 10 dias atrás parecia possível esse cenário, algo semelhante, pelo menos, neste momento parece quase impossível
Por isso, obviamente, não podemos dar garantia que não vai acontecer, pois as mudanças nas previsões por vezes ocorrem, mas recorrendo a variados modelos de previsão, a probabilidade é atualmente inferior… a 1%
No fundo os modelos mostram aquecimentos menores da estratosfera, com ligeiras perturbações, seguidas por novo fortalecimento deste vórtice, e nunca uma divisão. E mesmo quando mostram essa divisão mostram-no de uma forma bem diferente de 2018, que levaria a efeitos bem diferentes
Relembramos que após este tipo de fenómenos (aquecimento súbito da estratosfera, ou SSW) normalmente temos de esperar entre 7 a 20 dias para ver os efeitos no estado do tempo – devido à propagação estratosfera-troposfera – ou seja no fundo um “delay\atraso” enquanto aguardamos que toda a alteração que se deu em altitude “chegue cá baixo” – pois a atmosfera não é composta por uma só camada!
Assim, e tendo em conta que até dia 20 de fevereiro, a pouco mais de 10 dias de distância, quando as previsões são mais fiáveis, não se prevê alteração muito significativa na estratosfera, e que, caso ocorra, os efeitos demorarão a ser visíveis, até final de fevereiro, pelo menos, a “besta de leste”, ou um fenómeno semelhante, não irá regressar… e pouco depois estaremos já fora do inverno – o que não quer dizer que não possa vir ainda muito frio, mas…
Primeiro olhemos à carta atual de previsão da estrutura do vórtice polar estratosférico, precisamente para dia 20 de fevereiro – estrutura relativamente estável, embora, como já referimos, mais alongado que o normal – mas nada indicativo de mudanças drásticas

FEVEREIRO CONTINUARÁ, ASSIM, UM POUCO VARIÁVEL… MAS NÃO PARECE VIR A SER MUITO CHUVOSO NEM FRIO!
Aqui estamos já a entrar em previsões para “o nosso cantinho”, Portugal, e então a margem de erro aumenta, e como temos vindo a referir deve acompanhar as previsões dia a dia para maiores certezas
No entanto mantém-se tudo relativamente semelhante ao que tínhamos referido na nossa previsão mensal fevereiro de 2025 – um mês com duas caras, no entanto sem ser excecionalmente chuvoso, e muito menos frio
Olhando aos regimes atmosféricos atualmente em vigor, podemos verificar que continuamos com La Niña (ENSO-), embora seja uma La Niña relativamente fraca, ao mesmo tempo que verificamos também que a MJO se encontra nas fases 6\7
Ao mesmo tempo o vórtice polar alonga-se sobre a América do Norte, com alguma propagação à superfície
Tudo isto leva a que seja possível que nas próximas 2 semanas, aproximadamente, haja algumas mudanças – a MJO nas fases 6 e 7, que essencialmente significa que a convecção está aumentada o Oceano Pacífico, está relacionada com maior propensão a um regime Atlântico NAO- (enfraquecimento do anticiclone), enquanto há favorecimento de presença de baixas pressões no Centro\Leste do Continente Americano, afastando o anticiclone para Oeste dos Açores

No entanto, e olhando à disposição atual dos elementos sinóticos, e da evolução previsível, aquilo que estamos a ver ocorrer, e que é possível que se reforce nos próximos tempos, é uma “luta” entre as depressões e o anticiclone, sendo que no meio de dois anticiclones, um sobre a Europa Central\Ocidental, e propagando-se para Norte, e outro a Oeste dos Açores, acabem por “quebrar” estes mesmos centros de baixa pressão, que perdem força, e acabam por “morrer” no Atlântico, rapidamente, sem afetar nenhum país Europeu
Provavelmente esse padrão vai repetir-se, e eventualmente algum destes ciclones Atlânticos terá mais efeitos em Portugal, e eventualmente nas Ilhas Britânicas, mais provável no período 14 a 20 de fevereiro, como já referido (provavelmente indiretamente, em Portugal Continental, como é habitual), mas, e isto parece quase uma “inevitabilidade”, atualmente, o anticiclone deverá reforçar-se depois, pelo que o final de fevereiro poderá trazer maior estabilidade
Os modelos ainda não o mostram, mas tendo em conta a circulação atual é o mais “lógico” do ponto de vista climático, e estatístico
Isso não quer dizer que março será seco, pois estaremos já a entrar na primavera, e, de certa forma, já se nota essa transição, com mais variabilidade, mais possibilidade de trovoadas, depressões isoladas – são os primeiros sinais – e isso pode levar a períodos de aguaceiros. Mas um cenário de chuva persistente, durante semanas, e, principalmente, um cenário de frio intenso e prolongado, está praticamente fora de questão – mostrando que, efetivamente, 2024-2025, pelo menos nas temperaturas, é um “não inverno” em Portugal, com o verdadeiro frio a surgir apenas durante as noites
Efetivamente, até ver, e sem previsão de grandes mudanças, não tivemos nenhum nevão a cotas baixas médias – abaixo de 800 metros de altitude
Aliás, pela primeira vez que me recorde, é um inverno em que não houve nenhuma situação em que estivéssemos a acompanhar a probabilidade de neve a 400-600 metros, uma altitude relativamente comum para caírem uns flocos em situações de pós frontal (quando passa a chuva de uma frente e passamos a regime de aguaceiros, com mais abertas)
Veremos o que ainda nos reserva, afinal, previsões são isso mesmo, previsões – e tudo ainda pode mudar! Continue a acompanhar-nos para todas as atualizações!

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