Mau tempo – Ciclones no Atlântico e frio – 4 a 10 de Março – O que esperar?

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O mau tempo não parece querer dar tréguas, e esta semana que começa ficará marcada por FRIO nos Açores, com temperaturas bastante abaixo da média, devido à intrusão de massas de ar polar associadas a ciclones, que se devem deslocar desde a Terra Nova até ao arquipélago Açoriano, com frio em altitude significativo
Isso irá propiciar condições para a queda de neve nos Açores, mas irá também levar a ciclogéneses no Atlântico que podem afetar PORTUGAL CONTINENTAL (Fortalecimento rápido de depressões), uma vez o ar frio irá interagir com ar marítimo na sua trajetória, formando vários núcleos depressionários
Inicialmente o anticiclone sobre Portugal Continental deverá fazer com que os núcleos depressionários fiquem a Norte dos Açores, uma vez que a Sul do referido arquipélago também há uma alta pressão, mas lentamente, de forma retrógrada, outras depressões aproximam-se de Portugal Continental vindas do Centro Europeu, quebrando esse mesmo anticiclone
Este movimento contrário à circulação natural da atmosfera está relacionado com a mudança de padrão significativa que previmos na nossa previsão mensal, e está relacionada com os efeitos da reversão dos ventos na estratosfera, com propagação para a troposfera, devido a um aquecimento súbito (SSW)
Mas, no fundo, o que quer tudo isto dizer?! Bem, resumidamente poderemos ter as seguintes condições
- Frio nos Açores – chuva fraca, poderá nevar no Pico, talvez até mesmo nos pontos mais altos de outras Ilhas a meio da semana (por volta de dia 6 de Março)
- Durante alguns dias mar MUITO agitado no Atlântico Norte, o que irá fazer com que em todo o território (Continente e Ilhas) haja risco de agitação marítima pontualmente severa
- Poderá haver risco, para Portugal Continental, de alguma destas depressões se aproximar e provocar alguma tempestade, potencialmente até severa – acompanhamos com atenção os dias 9-10, com a possibilidade de um núcleo depressionário intenso bem próximo!
- O frio marcará presença, tanto nas Ilhas como Portugal Continental, esperando-se neve nos pontos mais altos, também, na Madeira
- A chuva continuará a ser nota dominante na maior parte dos dias, com tempo húmido, tanto nas Ilhas como no Continente!
Um dos cenários possíveis é mostrado pelo modelo ICON, por exemplo, na sua atualização 12Z de 3-3-2024, com um ciclone severo a aproximar-se de Portugal dia 9 – poderia ser uma situação muito complicada, mas para já é um cenário isolado – no entanto demonstra o que quase todos os modelos prevêem – formação de ciclones que podem ameaçar Portugal Continental
Esta situação deve estender-se pelo menos até dia 10 – depois disso a incerteza ainda é elevada para uma previsão mais afinada
MAU TEMPO – POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DE FORTES CICLONES
Quando massas de ar de características diferentes se misturam, por norma, ocorre a formação de depressões – ou ciclones, são dois nomes diferentes para a mesma coisa – normalmente usamos a palavra depressão quando se trata de algo sem tanto impacto, e ciclone para diferenciar algo com maior impacto, mas é exatamente o mesmo – um núcleo de baixa pressão
Ora neste caso teremos ar frio a mergulhar em direção a ar mais temperado, e mais húmido, e a formação de depressões será inevitável – com vários núcleos previstos neste momento pelos diversos modelos, mas sem nenhum consenso
No entanto olhando aos modelos, às previsões de todos eles, e aos critérios de emissão de avisos, que determinarão a nomeação ou não de uma tempestade, de momento diríamos que a probabilidade da nomeação de uma depressão (no caso deverá ser Mónica) é bastante elevada
Mas devemos reforçar que uma nomeação de depressão não equivale a algo severo – e já tivemos vários exemplos em 2024. No entanto esta situação em particular tem risco notoriamente mais elevado, uma vez que o anticiclone estará mais ausente, a Norte, e a trajetória da depressão poderá ser mais a Sul e até algo “bloqueada”– ou seja um cenário parecido com o que já ocorreu em França, por exemplo, com ventos muito fortes, e bastante superiores ao que tivemos este ano em Portugal, está, para já, a ser analisado – e é algo para o qual devemos desde já preparar – mesmo que nada venha a ocorrer
O frio estará sempre presente, primeiro com geadas, depois com neve – em altitudes ainda incertas, iremos tentar definir melhor a situação logo que possível!
Tendo em conta que estaremos num fim-de-semana de eleições a previsão de uma tempestade é algo que teria impacto por certo nas mesmas – obviamente que num cenário de mau tempo, com ventos muito fortes, assim como chuva será necessário acompanhamento do risco meteorológico, para avaliar o quão seguro é sair de casa para ir votar – e sendo um período em que haverá bastantes deslocações é importante reforçar o apelo à condução defensiva e segura
Na imagem abaixo, por parte do modelo GFS Wave conseguimos ver a energia do mar – ondas muito fortes, associadas aos ciclones referidos – veremos depois os efeitos em Terra – para já, nesta previsão não entraremos em mais detalhe sobre os efeitos possíveis, pois como referimos não há qualquer certeza ainda – pode ler a nossa previsão semanal detalhada AQUI
FRIO E NEVE NOS AÇORES – PREVISÃO
Os modelos são claros, e entre dias 4 e dias 7 de Março (Segunda e Quinta-feira) mostram-nos uma massa de ar frio significativa, presente sobre o arquipélago
Ao que tudo indica o período mais frio poderá ser o dia 6 (Quarta-feira), sendo que nesse dia os modelos mais fiáveis estão a simular uma isoterma de 0ºC, ou ligeiramente inferior a 850hPA (cerca de 1350-1400m de altitude)
Isso significa que o ponto de congelação nas ilhas Açorianas rondará os 1200-1300m, no entanto não quer dizer que essa seja a cota de neve prevista – isto porque, para nevar, não é necessário que a temperatura seja 0ºC, no geral
Tudo depende de vários fatores, o mais importante a humidade, no entanto, regra geral, abaixo de 1ºC de temperatura já se conseguem ver flocos de neve, apesar de por vezes ser bastante húmida e não “pegar”
A precipitação não será muita – estamos a prever apenas chuva fraca ocasional no período referido (entre dias 4 e 7), com vento a acompanhar – MUITO DESAGRADÁVEL!
No entanto estará presente, e por isso a probabilidade de neve, também
Assim sendo, e sujeito a ligeiros ajustes, prevemos, no período mais frio, ENTRE A MANHÃ DE QUARTA E O FINAL DA TARDE (DIA 6) cotas de neve pontualmente a baixar aos 1000\1100m de altitude – podendo ser assim possível neve não só no Pico como (muito provavelmente pontual e sem acumulação) por exemplo no Pico da Vara em São Miguel, Cabeço Gordo, na Ilha do Faial, Pico da Esperança em São Jorge, ou na Serra de Santa Bárbara na Ilha Terceira
Ainda assim esta será uma situação muito “no limite” no geral para as ilhas Açorianas, uma vez que todos os pontos referidos se situam entre 1000 a 1100m, e por isso será difícil ver neve consistente, exceto no ponto mais alto, o Pico, que deverá ter precipitação sob a forma de neve nos pontos mais altos da montanha ao longo de praticamente toda a semana!
Deixamos, por parte do modelo ECMWF, a previsão de cota de neve a rondar precisamente 1000\1100m na Quarta-feira (12h)
E NOS DIAS SEGUINTES? QUANDO CHEGA O TEMPO ESTÁVEL E MAIS QUENTE?
Como temos vindo a referir Março pode ter duas caras
Existe a probabilidade de uma segunda quinzena bastante mais estável que a primeira, pese embora seja um cenário com cerca de 70% de probabilidade – o que significa que não há uma certeza absoluta sobre o mesmo
No entanto, como podemos ver na imagem abaixo encontramo-nos de momento na fase 3 da MJO – devemos já nos próximos dias transitar para as fases 4\5 e depois provavelmente para as fases 6\7 – isto no fundo indica-nos onde se localiza a convecção mais ativa, no caso a mover-se sobre o Índico
Esta fase é um conhecido percursor de NAO+ (Anticiclone mais forte nos Açores), tipicamente com um lag (tempo de resposta) entre 12 a 15 dias – ou seja tendo em conta que essa fase persiste há 3\4 dias (final de Fevereiro) é de esperar precisamente entre dias 12 a 15 que possa haver “mexidas” na circulação no Atlântico
MAS… Um vórtice polar enfraquecido, e um anticiclone para já bastante afastado podem “inibir” o padrão NAO+ prevista, que pode não se formar, ou formar de forma mais ténue
Ainda assim prevemos por volta desse período a viragem para algo MAIS QUENTE (Pelo menos ameno, mas não descartamos calor)
A humidade a Norte pode persistir mais uns dias enquanto o anticiclone não se reestabelece, mas a Sul a “torneira” tende a fechar
Iremos confirmando esta previsão, e atualizando sempre, mantenha-se atento à nossa informação!
Diga-nos nos comentários no final deste artigo: O que está a achar deste Inverno?!
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