Tempo em Outubro 2024 – Mês bastante instável a caminho? Risco de tempestades maior que o habitual e redução da seca, seguido por mudanças no fim do mês? Saiba tudo!

O tempo em Outubro de 2024 poderá ser marcado por 3 períodos distintos, inicialmente mais seco e mais quente, passando a ser mais instável e chuvoso (potencialmente tempestuoso) e depois a instalação, novamente, de um padrão de maior estabilidade

Os primeiros 8 dias do mês, aproximadamente, deverão trazer tempo relativamente estável, embora com alguma chuva na terça e quarta, mais a Norte, aliás como já referimos na nossa PREVISÃO SEMANAL AQUI

Entre dia 8 e dias 17-20 do mês podemos ter um período chuvoso, impulsionado por atividade muito acima do normal nos trópicos – pode haver, para além das já nomeadas, mais 2 ou 3 tempestades – infelizmente com algum risco para o arquipélago dos Açores, e, eventualmente, até mesmo para Portugal Continental

Como podemos ver, já de seguida, na previsão do ECMWF, a energia ciclónica prevista no Atlântico é mais de 3 vezes acima do normal, com o pico da época de furacões este ano a surgir atrasado – mas nem por isso mais fraco, uma vez que a água do mar continua em valores recorde

Assim Outubro terá variados estados de tempo, alguns bons dias de sol, mas intercalados por dias de chuva – que pode ser em regime torrencial, eventualmente, dado o conteúdo de vapor de água disponível na atmosfera – recorde durante os últimos meses

A pergunta que resta responder é: Irá a chuva chegar a Sul? 

Felizmente, dadas as previsões atuais, é bem possível que sim – os modelos meteorológicos estão “otimistas”, isto porque, em combinação com um vórtice polar relativamente fraco, e um bloqueio em latitudes mais elevadas, persistente, teremos, como já referido, forte atividade tropical, que se tende a posicionar mais a Sudoeste dos Açores, afastando assim o anticiclone

Obviamente nada se pode garantir, até porque uma trajetória de um destes ciclones mais próximo dos Açores poderá “empurrar” o anticiclone para a Europa Ocidental, e aí o tempo estaria estável – e é certamente uma possibilidade. No entanto, com tanta atividade tropical prevista é quase certo que pelo menos durante alguns dos dias a chuva virá, e poderá ser intensa

Para já olhemos à previsão de precipitação do ensemble ECMWF para os primeiros 15 dias do mês – bastante interessante o sinal para chuva em alguma quantidade mesmo a Sul – esperemos que se confirme, e que seja mais do que o representando na média da previsão, que apesar de “bom”,  seria ainda francamente insuficiente

TEMPO EM OUTUBRO DE 2024 – RESUMO

• Outubro de 2024 deverá ser um mês com precipitação dentro ou acima do normal – em média Outubro é um dos meses mais chuvosos do ano, e este mês poderá mostrar o porquê – muita energia tropical, muita água precipitável, e um anticiclone que poderá estar móvel e fragilizado numa parte do mês
• O jet-stream bastante mais descido em latitude, principalmente entre a segunda e terceira semanas do mês, pode mesmo favorecer alguma chuva na região Sul – que tanto necessita!
• No entanto lembro que a nossa previsão para este Outono é que não seja muito chuvoso – e para já não mudou, na realidade poderá ser apenas uma mudança temporária, dada a forte atividade tropical, que sinceramente não esperávamos que surgisse, depois do pico da época de furacões ter sido tão calmo
• A tendência para a segunda quinzena é para uma gradual estabilização, especialmente a partir de dias 17\18 a 20 – altura em que a combinação de um vórtice polar mais forte, com provável imediata resposta na troposfera, em conjunto com provável diminuição gradual da atividade tropical (pelo menos para já os sinais são esses) deverá permitir um reforço do anticiclone, que se tenderá a posicionar mais perto da Europa Ocidental – mais a Norte até pode ir chovendo, mas a torneira a Sul deverá fechar
• Assim, resumidamente, este mês deverá ter temperaturas ligeiramente abaixo da média, sem grandes episódios de calor, bem diferente de anos anteriores, embora provavelmente termine com temperaturas por cima da média – felizmente sem risco de incêndio, nesse aspeto creio que é seguro dizer que podemos estar agora descansados
• Apesar de Outubro ser um mês que, em média, já nos costuma trazer trovoadas, este ano a probabilidade não é muito elevada, dado padrão atmosférica favorecer fluxos tropicais e húmidos, e não propriamente depressões do género cut-off – creio que podemos dizer que, de facto, no nosso país, a trovoada tem estado em redução nos últimos anos
• Em jeito de resumo, este poderá vir a ser um Outubro um pouco diferente dos últimos anos, pois começa logo mais fresco e algo instável, não será chuvoso de forma tão persistente como nos últimos anos, e poderá ter uma mudança contrário ao ano passado – por volta de dias 18-20 poderá tornar-se mais seco, quando nos últimos anos se tem tornado mais chuvoso por volta dessa altura
• No entanto nada disto é uma certeza, a longo prazo nunca é, e o que se passar de facto nos últimos 10-12 dias do mês poderá definir o que virá depois em Novembro – a confirmar!
• Nos Açores é impossível não estar preocupado com o risco tropical, com água do mar tão quente, e com tanta atividade prevista nas proximidades – e de facto o risco tropical durante a segunda semana do mês, pelo menos, é excecionalmente elevado, com a terceira semana a trazer, igualmente, algum risco caso se continuem a formar ciclones como está previsto
• De uma forma geral deverá ser um mês com variabilidade, ainda quente, e com dias de muita chuva e vento
• Na Madeira há uma probabilidade real de alguma chuva nas segunda e terceira semana do mês, à semelhança de Portugal Continental – no entanto teremos de ver se se confirma – e será certamente insuficiente para colmatar a grave seca em que se encontra a região
• Em termos hídricos para já não vale a pena especular, uma vez que mesmo que haja alguma chuva durante uns dias, será pouco significativo para a região Sul, se for em regime mais “suave”. Obviamente se essa chuva cair em regime torrencial, algo que poderá ocorrer no caso do anticiclone realmente “colapsar” e os fluxos tropicais forem mais intensos, aí poderá haver uma ligeira melhoria da situação atual, que seria bem-vinda, dada a previsão para o resto do Outono e Inverno

Está é uma previsão bastante difícil, e temos consciência que poderá haver falhas, e desvios significativos em alguns dos parâmetros referidos. A atividade tropical intensa, que até já nem esperávamos este ano, irá ter um papel muito importante, pelo que há que ser monitorizada

Tal como temos dito nas previsões anteriores “trabalhando com as informações que temos” é possível ter uma ideia relativamente fiável do que esperar, mas devem ter em conta as incertezas e usar a informação em conjunto com as previsões diárias e semanais, mais fiáveis

Para a primeira quinzena, e com maior fiabilidade, fica uma carta do GEFS (Ensemble GFS) mostrando exatamente aquilo que referimos – a tendência de instabilidade na segunda semana do mês é evidente (linha inferior = precipitação)

PREVISÃO PARA O PERÍODO 1 A 10 DE OUTUBRO

CONTINENTE: Contamos com temperaturas acima do normal, inicialmente, tornando-se mais fresco (e instável) depois de dia 7, com dúvidas por volta de dias 9\10 (dúvida onde se posicionará o ciclone Kirk, que deverá estar próximo dos Açores)

Contamos com anomalia de precipitação positiva a Norte – sendo que a Sul poderá ser ABAIXO da média – dentro do que nos temos habituado

Período com humidade, bastante nebulosidade, com alguns dias de mais sol talvez entre dias 4 e 7 – mas um período algo instável

A água do mar em Portugal Continental poderá encontrar-se, mesmo junto à costa Ocidental, em cerca de 20ºC – 22\23ºC a poucos kms da costa, o que também aumenta o risco tropical

No final deste período há enorme imprevisibilidade, como explicaremos já de seguida

AÇORES: Período bastante instável, inicialmente nas ilhas Ocidentais, evoluindo para as ilhas Centrais e Orientais por volta de dia 4, e com um fim-de-semana 5\6 mais seco – a que se seguirá maior instabilidade, novamente

O vento será de Sudoeste, inicialmente, rodando para Noroeste, e voltando a rodar para Noroeste – a rotação para Noroeste coincide com o fim-de-semana 5\6, que deve trazer descida de temperatura e tempo um pouco mais seco

Prevemos temperaturas acima do normal climático

Prevemos também que o mar esteja AGITADO, com a água ainda entre 24 a 25\26ºC – favorecendo a possível manutenção de atividade tropical, caso esta se aproxime

MADEIRA: Sem surpresas, e dentro do que temos verificado, será um período seco no arquipélago – na maior parte dos locais sem uma única gota

Muito sol, tempo estável, e até mais quente que o normal – talvez com mudança por volta de dia 7, mais fresco

Prevemos vento em geral moderado de Nordeste, possivelmente rodando para Oeste ou Sudoeste a partir de dias 6\7 – moderado a forte

Prevemos temperaturas acima do normal para a época

Para ilustrar esta previsão deixamos por parte do modelo ECMWF a previsão de precipitação para estes primeiros 10 dias do mês – chuvoso em Portugal Continental (mais a Norte) e nos Açores (mais a Ocidente, assim como no grupo Central) e seco na Madeira – para mais detalhe confira as nossas PREVISÕES DIÁRIAS

PREVISÃO PARA O PERÍODO 10 A 18 DE OUTUBRO

NOTA: Óbvia incerteza na previsão, pelo que apenas podemos dar informação “genérica” – por favor refira-se a outras previsões e informações que iremos disponibilizar assim que possível para informação mais concreta

Em PORTUGAL CONTINENTAL este período é imprevisível – por um lado pode ser mais chuvoso, caso o anticiclone “ceda” à atividade tropical prevista, e é nestes dias que depositamos esperanças de chuva a Sul – mas, em boa verdade, os ensembles não são assim tão favoráveis – no entanto, por outro lado, caso os ciclones tropicais forcem o anticiclone para leste, ou fiquem próximos dos Açores – presos por esse mesmo anticiclone, o tempo poderia ser mais seco, quem sabe quente

É difícil de prever – e não conseguimos dar uma resposta fiável, por muito que tentemos – é daquelas previsões em que a natureza terá a última palavra

Podemos no entanto, referir-nos à análise extensiva de modelos que efetuámos, e, com base em estatística, calcular qual o cenário mais provável

Assim

• 60% de probabilidade de precipitação acima do normal na região Norte, 40% de probabilidade nas regiões Centro e Sul
• 20% de probabilidade de precipitação dentro do normal, 20% de probabilidade de precipitação abaixo do normal
• 65% de probabilidade de temperaturas dentro da média (+1\-1ºC) – com 15% de probabilidade de temperaturas claramente acima da média (+2ºC) e 20% de probabilidade de temperaturas claramente abaixo da média (-2ºC)
• Probabilidade de 5% de impacto de um ciclone tropical
• Chuva provável nestes 8 dias: Entre 50 a 100mm na região Norte, 30 a 60mm na região Centro, e 20 a 40mm na região Sul

Obviamente é apenas estatística, que teremos de verificar mais tarde

Para os AÇORES a previsão é um pouco diferente – este período pode começar instável e até com a presença de um furacão (KIRK) muito próximo – o risco de impacto direto é de 25% de momento

Ainda assim, dada a dimensão prevista deste ciclone, mesmo sem impacto direto os efeitos devem ser sentidos de alguma forma (probabilidade de efeitos associados = 75%)

Muita chuva, provavelmente entre dias 10\12 – e vento –  com muita dúvida no que virá depois

As correntes de circulação atmosférica, assim como a convecção prevista leva-nos a crer que outro ciclone tropical deverá estar a Sudoeste dos Açores (perto das Bermudas?) por volta de dia 10, com a tendência a ser para uma deslocação, novamente, para perto do arquipélago

Enquanto o ciclone não se aproxima, no entanto, é provável que entre dias 12 e 15, aproximadamente, possa haver uma estabilização do tempo

A partir de dia 16, e com probabilidade moderada, a aproximação de novo fluxo tropical, deverá trazer novamente chuva, e vento

Prevemos com probabilidade moderada a alta que este será um período com variabilidade, mas com precipitação acima da média, períodos com bastante vento, e mar agitado – assim como tempo quente

Na MADEIRA este é o período mais favorável para precipitação mais significativa – no entanto os ensembles não o mostram, infelizmente

Um anticiclone recuado com toda a atividade tropical poderia ser a oportunidade para ver chover no arquipélago por fim. Tendo em conta a nossa experiência com situações deste género, mesmo não estando previsto, para já, a chuva costuma aparecer, e, por isso, estamos a prever que possa haver pelo menos 2\3 dias de chuva mais significativa na Madeira neste período

Esperemos que se confirme – não chove significativamente há meses

As temperaturas devem baixar em relação aos primeiros 10 dias do mês

Para ilustrar a previsão para esta semana podemos ficar com a previsão da média de pressão e geopotencial do modelo GEFS para dia 15 deste mês – como podemos notar há um anticiclone mais presente sobre os Açores – conforme referimos talvez a meio do mês um pouco mais seco no arquipélago, com sinal para fluxo Atlântico sobre Portugal Continental, e talvez Madeira – no entanto a esta distância tudo pode mudar

Ainda assim, dado o consenso dos 3 ensembles analisados, é uma probabilidade razoável

TEMPO PARA OS ÚLTIMOS DIAS DO MÊS – 18 A 31 DE OUTUBRO

Este período, dada a distância temporal, é de difícil previsão, no entanto temos, pelo menos, alguns parâmetros mais fiáveis a que nos podemos “agarrar” para elaborar a referida previsão em PORTUGAL CONTINENTAL

Com um vórtice polar mais forte previsto, e a começar a notar-se na troposfera, com descida do geopotencial nas latitudes altas, perto da Gronelândia, e com provável redução gradual da atividade tropical, a tendência natural será para posicionamento de depressões a Oeste dos Açores (Terra Nova?), com um jet-stream a começar a tornar-se mais Sudoeste-Nordeste

Dada a fragilidade do anticiclone, inicialmente isto pode significar tempo húmido mais a Norte – mas a sul o tempo seco já deverá regressar

Gradualmente com o avançar do mês é de esperar estabilização, e estamos a prever, com probabilidade moderada a alta, um fim do mês mais estável, mais seco, e mais quente, válido para todo o território, e também para a MADEIRA – que tem uma previsão bastante parecida ao Continente – ou seja relativamente estável

Em sentido oposto, nos AÇORES este tipo de fluxos Sudoeste-Nordeste é favorável não só a mais chuva, como vento, e é provável vermos tempo bastante instável no arquipélago 

A probabilidade de se registar chuva acima do normal nestes dias é mesmo superior a 75% – assim como vento e agitação marítima

Veremos obviamente como evolui a situação nos trópicos – apesar da evolução prevista favorecer que a atividade reduza no fim do mês, não se descarta a formação de mais algum ciclone, que obviamente teria de ser acompanhado, dada a tendência natural de, nesta altura do ano, curvarem para Nordeste

Podemos ver, segundo a carta de previsão do ECMWF, o sinal para um anticiclone a surgir sobre Portugal Continental – sinal ténue, no entanto, o que demonstra uma incerteza na previsão – muito por culpa da atividade tropical, e a sua possível influência