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Cortes da administração Trump: Possível efeito devastador (e potencialmente mortífero) nas previsões meteorológicas – modelos meteorológicos cada vez menos eficazes

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Não é nenhuma novidade que o governo de Trump, através do seu departamento “DOGE” tem vindo a efetuar cortes em diversas áreas, e uma das áreas afetadas é a meteorologia – com cortes na NOAA, a divisão governamental atmosférica dos Estados Unidos da América, extremamente importante não só para os EUA, mas a nível mundial

A NOAA tem diversas divisões, entre as quais o SPC (Severe Prediction Center), Space Watch (responsável pela monitorização do espaço), mas também executa e mantém um dos modelos meteorológicos mais importantes do mundo – o modelo GFS

É certo e sabido que o GFS nunca foi o melhor modelo do mundo – o ECMWF, modelo Europeu, tem sido constantemente superior, e é muitas vezes preferido para prever certos fenómenos, no entanto, estamos a começar a ver sinais de quebra significativa de performance do modelo Americano

Este modelo é executado automaticamente por supercomputadores – o que significa que para já é demasiado cedo para percebe se poderá haver relação com os cortes que o governo Norte Americano, através do departamento de eficiência governamental, liderado por Elon Musk, ou se é apenas algo temporário 

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No entanto é inegável que, a médio e longo prazo os efeitos vão ser sentidos – afinal há menos funcionários na NOAA, e alguns dos que foram dispensados eram muito importantes para a organização. Além disso tem havido muito menos lançamentos de balões meteorológicos, muito importantes para o fornecimento de dados para as previsões meteorológicas

O gráfico não engana, e mostra-nos que o modelo GFS está MUITO abaixo do modelo ECMWF (e a sua versão executada com inteligência artificial, AIFS) nas últimas semanas – notando-se mesmo quebras de rendimento impressionantes – o que nos pode trazer um grande problema agora que estamos a aproximar-nos do Verão, e, consequentemente, da época de furacões

Modelos meteorológicos: GFS em queda livre na performance - efeitos dos cortes da administração Trump?
Modelos meteorológicos: GFS em queda livre na performance – efeitos dos cortes da administração Trump?

POLÍTICAS DE TRUMP PODEM SER UM PERIGO PARA AS PREVISÕES METEOROLÓGICAS

Todos sabemos que Donald Trump não parece estar importado com a meteorologia ou clima – afinal de contas as políticas implementadas vão no sentido de abandonar acordos climáticos (como o acordo de Paris, que, na realidade, e deve dizer-se a verdade, é um acordo para tentar cumprir um objetivo que já não iremos alcançar…)

Isso mostra que o presidente Norte-Americano não mostra qualquer preocupação com o tema em questão, como também é demonstrado pela contínua aposta e reforço da exploração de energias fósseis, mais poluentes – como proferido no discurso de inauguração como presidente “Drill, baby, drill!”

Os cortes na NOAA não são surpreendentes, não só porque não são o único setor que está a ter cortes, mas também porque, possivelmente, serão um dos que menos importa para o 47º presidente dos EUA – mas poderão ter consequências globais para as previsões meteorológicas – e uma delas pode colocar o povo Norte Americano diretamente em risco

O Verão está a chegar, e com ele os furacões – fenómenos meteorológicos extremamente violentos que sabemos que vão acontecer, em mais ou menos quantidade, com potencial para causar milhares, ou milhões, de mortes, se não houver prevenção e avisos atempados, e com qualidade

Diga-se o que disser o NHC, referido anteriormente como uma divisão da NOAA, tem feito um trabalho excecional na previsão e prevenção destes fenómenos, conseguindo por vezes prever com 5 a 7 dias de antecedência onde um furacão vai atingir – permitindo tempo para preparações, evacuações e salvando inúmeras vidas

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O NHC não usa exclusivamente o modelo GFS para estas previsões – bem pelo contrário, muitas vezes este modelo é relegado para segundo plano por não ser tão fiável, historicamente – ainda assim em épocas recentes de furacões tem sido excecionalmente bom, e muitas vezes ultrapassando o modelo ECMWF

Contudo há um problema que surge e que não pode ser ignorado – os balões meteorológicos que não são lançados pela NOAA, por falta de recursos, irão afetar TODOS os modelos meteorológicos, incluindo o Europeu, e essa degradação da performance de previsões pode sentir-se principalmente sobre os EUA – podendo levar a previsões muito menos fiáveis

Balões meteorológicos - desempenham um papel fundamental nas previsões meteorológicas!
Balões meteorológicos – desempenham um papel fundamental nas previsões meteorológicas!

BALÕES METEOROLÓGICOS – QUAL A SUA FUNÇÃO?

Os balões meteorológicos são lançados em diversos locais, equipados com sondas e sensores, que permitem obter leituras da atmosfera a várias altitude, e assim ajudar com dados importantes para previsões meteorológicas

Sem os balões meteorológicos há muito maior dificuldade em perceber como está a atmosfera em altitude, como os ventos, a altitude das nuvens, entre outros fatores – sendo que ficamos dependentes dos dados recolhidos à superfície, pelas estações meteorológicas, entre outros, e recolhidos por satélites (menos fiáveis)

São, assim, uma ferramenta essencial para a execução dos modelos meteorológicos de forma mais fiável – sendo que, quando há fenómenos extremos, como por exemplo um furacão, por vezes a NOAA reforça o lançamento desta importante ferramenta, para permitir que os modelos meteorológicos executados tenham mais dados, e se tornem mais fiáveis

Aí pode estar, inclusivamente, o porquê do modelo Americano ser o mais fiável durante a previsão destes fenómenos extremos – está “afinado” para prever este tipo de situações, visto este país sofrer tanto com eles, e, além disso, beneficia dos dados destes balões meteorológicos – que agora estão em risco, visto não haver funcionários suficientes para os lançar

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Já foi confirmado pelo ECMWF, centro Europeu de previsões, que já há uma redução de 10% dos dados provenientes das sondas transportadas por balões meteorológicas – e se, para já, não vemos os efeitos no modelo Europeu, os mesmos serão inevitáveis – e todos os modelos, sejam os globais, como os referidos até aqui, como os modelos dinâmicos\de alta resolução, de previsão específica de furacão, que usam os modelos globais como base, serão afetados

Furacão Katrina - milhares de mortes e imensos danos. Fenómenos como este podem repetir-se, sem prevenção
Furacão Katrina – milhares de mortes e imensos danos. Fenómenos como este podem repetir-se, sem prevenção

EFEITOS NA PREVISÃO E MONITORIZAÇÃO CLIMÁTICA

Não é só a previsão de fenómenos extremos que está em risco, uma vez que a NOAA tem também outra divisão  muito importante, neste caso o CFS – Climate Forecast System – responsável pela monitorização climática, além de previsões climáticas a longo prazo

Para além disso também monitoriza fenómenos como El Niño, por exemplo, e informa da sua evolução, mantendo também medições da temperatura da água do mar a nível global, assim como do ar, e diversos outros parâmetros, permitindo uma visão espantosa da evolução do clima mundial

É assim fundamental para avaliar a evolução do aquecimento global, e dos seus efeitos, tema no qual o presidente dos EUA não parece ter grande interesse, e, por essa razão, certamente não terá muito interesse em que se mantenha – e os cortes na divisão Ocêanica e Atmosférica governamental refletem isso mesmo, também

Poderá, assim, estar em risco um dos principais sistemas de monitorização climática, a par com o ECMWF\Copernicus, e podemos ficar claramente menos informados sobre como está a evoluir o clima, e o aquecimento global – algo que se tem tornado cada vez mais importante, dado que 2023 e 2024 foram, consecutivamente, os anos mais quentes em registo

Talvez seja esse mesmo o objetivo – bloquear o acesso à informação, ou pelo menos dificultá-lo, e talvez o governo Americano tenha sucesso – mas não haver informação não significa que os problemas sejam resolvidos – pelo contrário – sem informação ficamos com menos opções, menos informação para os cientistas trabalharem em possíveis soluções, e com menos tempo para elaborar um plano que permita a redução de emissão de GEEs, e, consequentemente, a redução dos efeitos das alterações climáticas

É algo extremamente importante, e que está a ser negligenciado, para prioritizar outras áreas muito menos importantes. E, embora estejamos a falar aqui da situação na América, por se mais evidente e mais extrema, devemos referir que, infelizmente, não é uma situação exclusiva – o pouco investimento na previsão e prevenção meteorológica\climática é evidente em diversas instituições e diversos países

É essencial que isso possa mudar, pois todos temos visto o poder da natureza recentemente – e se continuarmos com a tendência para nada fazer, as coisas só vão piorar, e rapidamente – com os cenários atuais mais fiáveis a mostrarem que não só não cumpriremos o objetivo de manter a temperatura menos de 2ºC acima da era pré-industrial, como iremos ultrapassar largamente – com consequências extremas e imprevisíveis

Não é algo temporário - 2025 está a manter a tendência quente de 2023 e 2024
Não é algo temporário – 2025 está a manter a tendência quente de 2023 e 2024

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