Mau tempo – Tarde e final de dia de Sábado, 20 de Abril, com TEMPO SEVERO – Forte agravamento, saiba os detalhes!

Conteúdos
A tarde de Sábado ficará marcada pelo MAU TEMPO com instabilidade muito significativa. Depois de uma noite de muitas trovoadas na região Centro, que localmente trouxeram granizo e aguaceiros fortes, a tarde promete instabilidade muito mais significativa
Durante a madrugada a humidade foi aumentando com a aproximação do núcleo da bolsa de ar frio em altitude, e isso levou a um agravamento do tempo. A trovoada foi bastante frequente e intensa. Podemos ver na imagem abaixo as descargas registadas esta madrugada (entre as 21h de dia 19 de Abril e as 08h de 20 de Abril)
O QUE ESPERAR PELA TARDE DESTE SÁBADO?
RESUMO: Trovoadas MUITO FORTES, com risco significativo de granizo SUPERIOR a 5cm, rajadas e chuva MUITO FORTE com inundações prováveis entre o Vale do Tejo, Ribatejo, Grande Lisboa, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo. Há também sinais de vários modelos que podem surgir também entre os distritos de Aveiro\Coimbra
Noutros locais no Centro e Sul do país podem surgir trovoadas fortes, mas tendencialmente menos severas que nas áreas anteriormente referidas
Pela tarde a energia disponível será muito elevada. Segundo os melhores modelos estão projetados entre 1600 a 3000J\Kg de CAPE (Energia potencial convectiva disponível) sendo que a humidade nas várias camadas da troposfera até aos 10km é muito elevada (por exemplo a 700hPA (3000m de altitude) poderá rondar os 100% em todo o Centro e Sul
Assim as simulações mais fiáveis, como por exemplo dos modelos AROME, ECMWF e Harmonie (AEMET), apontam para a evolução de um sistema convectivo bastante intenso, com características severas, que se deve começar a desenvolver por volta das 14h deste Sábado, entrando pelo Interior, vindo de Espanha, algures entre Castelo Branco e Évora, e evoluindo para o litoral, para a Área Metropolitana de Lisboa e Ribatejo
Veremos também se um outro sistema surge nos distritos de Aveiro e Coimbra, conforme já referido, cenário que não é visível no modelo que mais confiamos, mas que parece mostrar potencial segundo outros modelos – só em “nowcast”, ou seja seguimento – conseguiremos informar da melhor forma
Esse sistema convectivo, que pode mesmo evoluir para um MCS (Sistema convectivo de meso-escala) afetando as regiões anteriormente referidas, terá células capazes de produzir todo o tipo de tempo severo, no entanto a nossa análise mostra que os maiores riscos são:
- Granizo grande (saraiva), que pode ter dimensões até 5cm, ou até mais
- Chuva localmente a superar 40mm/h, sendo que qualquer célula que fique ativa mais tempo na mesma zona irá assim levar a inundações. A intensidade máxima da precipitação pode superar 200\300mm/h, no entanto o movimento das células não será particularmente lento
- Trovoada intensa e muito frequente (localmente podem ver-se mais de 30-40 relâmpagos por minuto)
Esta situação deverá também produzir vento, no entanto o potencial para vento severo será limitado. Ainda assim com a passagem das células é bastante provável que algumas rajadas possam atingir, pelo menos, 60 a 80km/h
Assim alerta-se para
- Risco de inundações, especialmente em zonas urbanas, onde a drenagem da água poderá ser insuficiente
- Risco de danos devido ao granizo (Em veículos, na agricultura, entre outros)
- Risco de derrocadas em encostas que possam estar já fragilizadas devido à forte precipitação
- Probabilidade de cortes de eletricidade e comunicações
Assim é prudente que tente estacionar os carros longe de árvores e, se possível, abrigados, se está em zona de risco, além de verificar se poderá ser uma zona suscetível a cheias. Infelizmente já vimos imagens de carros arrastados pela água em muitos locais e tem vindo a ser cada vez mais comum, e apesar de raro em Portugal, as condições começam a ser mais favoráveis e poderá vir a acontecer um dia, pelo que é melhor prevenir
Esta situação tem de ser acompanhada e certamente o IPMA estará atento e emitirá os avisos necessários. Para já está ativo o aviso amarelo, mas é provável que venha a ser emitido aviso laranja devido à trovoada severa mencionada – poderá acompanhar a evolução das trovoadas em tempo real no nosso site na secção de observações, disponível AQUI
Podemos ver, segundo o modelo WRF, a energia disponível extraordinariamente elevada. Essa energia conjugar-se-á com outros fatores, conforme referido, levando assim a uma situação de tempo severo. Valores de 3000J\Kg de CAPE são comuns em Portugal nas tardes de Verão, mas muitas vezes com limitação ao surgimento de trovoadas (Falta de humidade), o que não será o caso, o que leva a crer que a situação será de facto significativa
Energia disponível (CAPE), modelo WRF
AS TEMPERATURAS VÃO DESCER? AS TROVOADAS TAMBÉM CHEGAM AO NORTE?
Apesar deste tempo instável as temperaturas continuam elevadas – aliás precisamente por isso se espera que as trovoadas sejam tão intensas. Na região onde as trovoadas ocorreram na madrugada de Sexta para Sábado e na manhã de Sábado, ou seja essencialmente evoluindo sobre a cordilheira Central e Coimbra, a cobertura nebulosa será grande, o que impedirá maior aquecimento.
Ainda assim o sol deverá aparecer, e levar a máxima de 25ºC ou mais, que se esperam também no litoral Norte e nas regiões mais a Sul – a energia nestas regiões é assim maior
Uma vez que no Interior Norte se esperam máximas mais baixas (pouco acima de 20ºC) a energia disponível é menor, sendo que nessa região não se espera assim qualquer possibilidade de trovoada
Por outro lado, no litoral Norte, não descartamos surgimento de algumas células convectivas – embora limitadas. Veremos como evolui
Podemos ver na carta abaixo a previsão de temperaturas máximas pelo modelo WRF, onde o calor para a época é notório e significativo – Abril segue assim com a terceira onda de calor do ano, já com duração a aproximar-se dos 10 dias em vários locais do território
ESTA TROVOADA E MAU TEMPO PERSISTE NOS PRÓXIMOS DIAS?
Neste Domingo ainda podem ocorrer trovoadas – no entanto limitadas pela falta de humidade. Os modelos meteorológicos mais fiáveis, no entanto, simulam ainda algumas trovoadas no Alentejo, sendo que outros modelos mostram que, novamente, sobre a cordilheira Central (Açor, Estrela, Lousã) voltam a surgir trovoadas com alguma intensidade
A energia disponível será elevada, sensivelmente nas mesmas zonas de Sábado, no entanto claramente não teremos a mesma dinâmica atmosférica
Para já estamos a analisar uma viragem de 180º no estado do tempo, com o regresso do tempo de Inverno, sendo incerto ainda os pormenores, mas prepare os casacos e o guarda-chuva porque a partir de dias 23\24 de Abril há a promessa de uma mudança para um período instável, com frio e chuva inicialmente, talvez neve nas Serras, que pode ser seguido por algumas trovoadas
Após isso o calor pode regressar, mas isso é algo a analisar em previsões futuras (especialmente para o final da primeira semana de Maio)
Iremos elaborar uma previsão semanal a ser publicada no dia 21 de Abril, disponível como sempre na secção PREVISÃO SEMANAL do nosso site, e falar sobre o que esperar
Podemos ver na carta do modelo AROME as trovoadas na região Sul no Domingo, 21 de Abril – muito limitadas e restritas ao Baixo Alentejo ou mesmo Interior Algarvio (Sotavento)
FIM DA SECA METEOROLÓGICA EM MARÇO – O QUE ESPERAR AGORA?
É verdade, a seca meteorológica terminou em Março em todo o país, fruto da precipitação que foi caindo com alguma intensidade
No entanto isso não quer dizer que a seca hidrológica tenha terminado. Apesar das albufeiras do Algarve terem duplicado a capacidade disponível permanecem ainda com pouca água para as necessidades
Enfrentaremos um Verão muito quente (Segundo as últimas projeções do modelo Europeu, por exemplo, será mesmo excecionalmente quente) e a precipitação na região Sul será pouca, como é normal nesta altura do ano, pelo que é imperativo continuar a poupar água e não pensar que o problema está resolvido, uma vez que já no final de Abril deve regressar a seca meteorológica, e a seca hidrológica, que nunca terminou, estará em agravamento nos próximos 4 a 6 meses
Os extremos são cada vez mais evidentes, e o planeamento a longo prazo, além de adaptação a uma realidade com muito menos água é a única solução – a chuva não irá voltar a cair na região Sul como era habitual, pelo contrário, será cada vez menos
Muito provavelmente a seca crónica que se vive no Algarve começará a subir para Norte podendo alcançar o limite do Tejo, incluindo Lisboa, nos próximos anos, com a expansão rápida e contínua do anticiclone, que pode ser explicada pelas alterações climáticas, conforme pode ler no nosso artigo AQUI
NOTAS FINAIS E FONTES USADAS PARA A INFORMAÇÃO
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Fontes usadas para esta informação meteorológica