Cloud seeding – “Semear nuvens” será a solução para a poluição extrema na Tailândia, que afeta milhões de pessoas? Saiba o que se está a passar, e quais as possíveis consequências

Conteúdos
A Tailândia está a enfrentar um período extremamente complicado a nível de poluição, e decidiu, no passado dia 9 de janeiro, por ordem da administração metropolitana de Bangkok, recorrer à técnica de “cloud seeding” ou, em tradução literal, semear nuvens, para combater este problema
Essa “solução” tem levantado muitas questões a nível mundial, quer entre cientistas, meteorologistas, outros governos, e, principalmente “conspiracionistas”, que acreditam que existe uma conspiração mundial para usar aviões como forma de manipular o clima para vários fins
Obviamente que não iremos comentar sobre essa teoria, até porque é apenas isso, uma teoria, baseada em alegações sem qualquer prova, mas, de facto, estão a ser usados aviões em vários países para manipular o clima – sabemos do caso da Arábia Saudita, para fazer chover, mas também este caso, por exemplo
Mas será que recorrer ao que é, efetivamente, manipulação do estado natural da atmosfera, para resolver um outro problema, que NÓS criamos, é a solução? Ou será parte de um problema muito maior?
Infelizmente esta questão, para nós, é óbvia, mas sabemos que, num mundo dominado por questões políticas, que muitas vezes acabam por se sobrepor às ambientais, num mundo dominado por industrialização e consumo excessivos, por grandes cidades “sobrelotadas”, por vezes tomam-se decisões para resolver os problemas que nós criámos, sem olhar muito aos custos, que podem ser catastróficos

O QUE É O SMOG, E O QUE O CAUSA?
Na capital Tailandesa não se trata apenas de níveis de poluição um pouco acima do aceitável, até porque isso, infelizmente, é o dia a dia nas grandes metrópoles a nível mundial. Trata-se também de um problema maior, pois a poluição está a atingir níveis 5 a 10 vezes superior ao máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (quando falamos especificamente de matérias particuladas PM2.5), além de vários outros gases, que estão a deixar a capital debaixo de nevoeiro fotoquímico (smog)
De forma simples o smog é uma densa “nuvem” de poluentes tóxicos, como que um nevoeiro, infelizmente, extremamente perigosa para a saúde pública
Composta por químicos como ozono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogénio, entre vários outros, a exposição prolongada a esta “nuvem” poluente pode mesmo acabar por ser fatal
As causas são, maioritariamente, a poluição causada pelas várias indústrias, na agricultura (principalmente com queimas de sobrantes) e as emissões dos vários meios de transporte que utilizam combustíveis fósseis
A concentração de ozono troposférico aumenta devido à estabilidade atmosférica, e a incidência de raios solares\aquecimento – e é precisamente essa estabilidade que a Tailândia tem vivido (inversão térmica) que tem acentuado todo este problema – e a razão pela qual o governo está a tentar arranjar soluções para combater o mesmo
Uma dessas “soluções” passa por, artificialmente, alterar a atmosfera quimicamente, para dispersar os poluentes
No dia 9 de janeiro as operações de cloud seeding foram iniciadas, sendo que, segundo a AFP, “é usado um pequeno avião, que voa sobre a cidade de Banguecoque, dispersando água\gelo, numa tentativa de reduzir a temperatura, e criar condições para que os poluentes mais facilmente se dispersem”
Escusado será dizer que é um método pouco convencional, e sem testes que confirmem que possa ser eficaz – sendo também bastante diferente de outras técnicas de cloud seeding já usadas por outros governos

CLOUD-SEEDING – AS PREOCUPAÇÕES E A EFICÁCIA (OU FALTA DELA)
Como já referimos as técnicas de cloud seeding já foram usadas em vários países, para tentar com que chova em locais onde normalmente não chove, e para tentar reduzir, também, a poluição atmosférica
Funciona? Sim, é comprovado que ao serem introduzidos diversas substâncias na atmosfera se pode alterar as propriedades químicas locais, e levar a que haja precipitação – por exemplo
Diversos países têm usado esta técnica ao longo do tempo, incluindo variados países Asiáticos, mas também os Estados Unidos da América
Uma das preocupações é o facto das substâncias usadas (maioritariamente sais, como iodeto de prata e iodeto de potássio), apesar de, alegadamente, serem em quantidades demasiado baixas para causar problemas de saúde, possam, efetivamente, causá-los
Para além da preocupação com a saúde, a preocupação ambiental é algo que tem gerado muito debate entre cientistas – e que no fundo leva a que se “trace um linha” – afinal, a legislação atual define que as nuvens “não pertencem a ninguém” e que, no fundo, podem ser usadas por cada país como bem entenderem, em benefício próprio
Uma alteração da lei em vigor já foi discutida, para impedir que estas experiências possa escalar mais, mas, para já, tudo se mantém igual – pelo que, efetivamente, esta técnica é completamente legal
Uma das grandes preocupações dos cientistas é o facto de, potencialmente, estas experiências levarem a alterações mais profundas a nível global, uma vez que, como sabemos, a atmosfera busca o equilíbrio. Se estamos a tentar produzir chuva em áreas naturalmente desertas, para as tornar mais verdes, seguindo essa regra natural, algum outro local terá de “sofrer”, com redução de precipitação
Infelizmente não há volta a dar: Tudo o que seja manipulação do clima acaba por ter consequências imprevisíveis – tanto a curto prazo (grandes chuvas que levam a cheias catastróficas como ocorre muitas vezes em alguns desses locais desérticos alvo das experiências), como a médio e longo prazo
No entanto é uma medida desesperada para tentar combater um problema que não tem outra solução senão a redução drástica da atividade humana atual – e essa, infelizmente, não é uma hipótese equacionada pelos governos – uma vez que traria graves consequências económicas e sociais

OS GRANDES EFEITOS DA POLUIÇÃO NA TAILÂNDIA, E A SOLUÇÃO POUCO CONVENCIONAL… QUE NÃO ESTÁ A RESULTAR
Como já referimos os efeitos na Tailândia tem sido extremos, ao ponto de estar a causar fortes constrangimentos na atividade humana
Desde dia 13 de janeiro que a administração de Bangkok instaurou uma política de teletrabalho opcional, para evitar que a população saia de casa e inale todos estes componentes químicos, extremamente perigosos para a saúde
Dezenas de escolas têm sido fechadas, e as queimas de sobrantes limitadas, ou mesmo proibidas
Além disso tem sido instalados pontos de controlo de emissões dos veículos – no fundo pontos, em vários locais de Bangkok e outras cidades, em que, os carros são testados no local, para verificar a emissão de gases. Falhando em atingir o mínimo aceitável, não podem entrar nesse determinado local
Alguns vôos tiveram de divergir para outros aeroportos, pois a visibilidade na cidade de Bangkok está reduzida, devido ao smog – em alguns locais não se consegue ver mais de 50 metros
Os transportes públicos têm sido incentivados – estando gratuitos até final de janeiro em Bangkok – mas será suficiente?
Infelizmente não tem sido suficiente, daí a tentativa da Tailândia, com métodos menos convencionais, nomeadamente o já referido cloud seeding
No entanto não se tem revelado eficaz, pelo que terá sido parado a 27 de janeiro
As nossas preocupações com estas situações são efetivamente grandes, não só pela questão de saúde pública, mas por uma questão ambiental e climática – isto porque estas situações vão continuar a aumentar de frequência, as medidas para tentar controlar também, e não sabemos que tipo de efeitos poderá ter a nível global, infelizmente
2025 começa mal a nível climático, infelizmente – janeiro de 2025 é o mais quente já registado, conforme será revelado pela agência Copernicus em breve, com 23 dos 27 primeiros dias a serem os mais quentes já registados – sim, praticamente todos os dias foram recorde!
A nível global, depois de 2024 ter sido o primeiro ano mais de 1,5ºC acima da média da era pré-industrial, 2025 começa da mesma forma. E não parece que fevereiro traga boas notícias
A redução de gases com efeito de estufa, através da redução das atividades humanas (menos consumo, o que levaria a menos necessidade de industrialização), menos deslocações desnecessárias, transição para energias verdes de forma bem calculada, entre outras medidas, são o caminho certo para um futuro melhor. Se não o fizermos caminhamos para um planeta virtualmente inabitável dentro de menos de 100 anos

CLOUD SEEDING VS CHEMTRAILS
Uma pequena nota para terminar este artigo – e porque sabemos que vai acabar por ser interpretado pelos “conspiracionistas” que já referimos, para falar de chemtrails
Chemtrails não estão comprovados, por isso não iremos falar sobre esse assunto. Não temos qualquer evidência da existência desse fenómeno, no entanto
Contrails, por outro lado, que são os rastos que vemos no céu, têm uma explicação muito simples, tratando-se apenas de condensação de gases durante o processo de combustão nos motores dos aviões
A duração desses rastos depende das condições da atmosfera (humidade, vento, entre outros fatores)
Relembramos que os aviões voam a cerca de 10km de altitude, onde as temperaturas estão abaixo de -50ºC a maior parte do tempo
Qualquer um de nós já deve ter reparado que, os nossos carros (a combustão) emitem fumos brancos no frio – e, quanto mais frio, mais fumo. Até mesmo da nossa boca esse fumo acaba por ser emitido através da respiração!
No fundo com os aviões acontece o mesmo, em escala muito maior, devido à potência enorme de cada motor usado. E, se não houver vento, obviamente que esses rastos irão manter-se – o que gera outro problema – no fundo estamos, neste caso de forma não intencional. a criar nuvens. O que altera, mais uma vez, de forma imprevisível o clima (reduzir a radiação solar sobre determinado local pode levar, mais uma vez, a uma busca de equilíbrio)
Por isso a existência de chemtrails não está comprovada, mas efetivamente os rastos dos aviões têm alguma influência sobre o clima, diretamente com a emissão de gases, e indiretamente com estes rastos – e com o aumento exponencial do número de vôos, a preocupação aumenta

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