Análise Meteorológica
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Várias depressões, muita chuva e vento a caminho? O vórtice polar está a sofrer alterações, e isso pode trazer consequências no fim de outubro e início de novembro! Saiba as nossas previsões!

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Nos últimos dias temos assistido a chuva, algum vento, e o Atlântico tem-se mostrado algo perturbado, com depressões consecutivas a afetarem o nosso país – chegou finalmente o Outono, embora as temperaturas permaneçam elevadas

É perfeitamente normal haver estes períodos de tempo instável entre outubro e novembro, aliás em algumas regiões estes meses (principalmente novembro) são os mais chuvosos do ano, em média, até mais que os meses de Inverno. Assim não é surpresa que se preveja chuva, mas parece haver um “elemento surpresa” este ano que pode trazer algo menos comum

Trata-se de um início do vórtice polar mais fraco que o habitual, seguido por um fortalecimento rápido e invulgar – o que causará uma transição de regimes atmosféricos e uma dinâmica muito intensa, levando a probabilidade de evolução de situações de tempestade perto de Portugal – não havendo, ainda, uma previsão definitiva – apenas algumas tendências

O vórtice polar é um ciclone de larga escala, localizado sobre o Ártico, na estratosfera, a vários kms de altitude, e que condiciona fortemente o estado do tempo no hemisfério Norte – pequenas alterações no mesmo podem levar a alterações muito significativas no padrão atmosférico, e é isso mesmo que estamos a verificar

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À data de hoje, 24-10-2025, o vórtice polar está mais fraco que o habitual, estando especialmente perturbado e com incapacidade de se fortalecer sobre a América do Norte, devido a uma alta pressão estratosférica localizada sobre essa região. Contudo, e segundo as últimas previsões GEFS, de mais fraco que o habitual passaremos para mais forte que o habitual no prazo de 7 a 15 dias – conforme carta abaixo

Vórtice polar fraco dá lugar a um vórtice polar muito intenso em breve!
Vórtice polar fraco dá lugar a um vórtice polar muito intenso em breve!

VÓRTICE POLAR E O SEU EFEITO NO ESTADO DO TEMPO

O vórtice polar tem efeitos significativos no estado do tempo no Hemisfério Norte, e nos regimes sobre o Atlântico\América do Norte, pelo que é um dos motores mais importantes no estado do tempo em Portugal, afetando a forma como as depressões se posicionam, intensificam, e a forma como o anticiclone reage

Especificamente, quando se encontra mais fraco do que o habitual, pode levar a uma corrente de jato com mais ondulações, e regimes atmosféricos mais dinâmicos, com mais movimentação de baixas pressões em latitudes médias, e o anticiclone subtropical mais móvel. Por outro lado, quando se encontra mais forte que o habitual pode levar ao contrário – circulação de depressões mais próximas das latitudes polares, com a corrente de jato polar mais intensa

Assim podemos já perceber que esta transição rápida de um vórtice polar fraco para um vórtice polar forte, repentinamente, pode ser interessante – especialmente quando se junta a isso um Atlântico ainda com atividade tropical (Melissa, que pode vir a ser um furacão categoria 5!)

Para já estamos com altas pressões sobre a Gronelândia, e NAO negativo – o que significa que o anticiclone dos Açores enfraqueceu, e a alta pressão a Norte empurra as depressões para o Atlântico, permitindo tempo instável. Contudo, dadas as condições, para já não estamos a ter cavamentos muito significativos à nossa latitude, e por isso para além da chuva, felizmente, as condições de mau tempo não têm surgido

Altas pressões sobre a Gronelândia, e regime atmosférico NAO negativo
Altas pressões sobre a Gronelândia, e regime atmosférico NAO negativo

À medida que o outono avança, e a redução da intensidade solar continua, como é natural, a temperatura oceânica tende a descer, quanto mais a Norte maior a descida – precisamente porque há menos horas de sol. Por outro lado, nas latitudes subtropicais a temperatura oceânica mantém-se elevada – pois há fluxos de Sudoeste algo constantes, e mais horas de sol

Isto gera uma grande diferença térmica entre as latitudes médias\altas, e é precisamente esta diferença térmica que gera depressões\tempestades. Assim, com a transição para um vórtice mais forte, teremos uma situação de difícil análise – podendo dar um 8 ou 80!

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Por um lado temos de ter atenção à possibilidade de, durante esta transição, se registarem ciclogéneses (formações rápidas de ciclones), que podem aproveitar a corrente de jato ondulada, e o anticiclone enfraquecido para se aproximarem do nosso território, e trazer muita chuva e vento, possivelmente algumas situações de tempestade. Por outro lado o vórtice polar mais forte pode trazer uma mudança, embora normalmente leve 1 a 2 semanas a notar-se de forma mais significativa

O que podemos, assim, esperar? Bem, é sempre difícil de dizer quando estamos perante estas alterações. No entanto, segundo os modelos meteorológicos, o regime NAO- poderá lentamente dar lugar a um bloqueio\crista anticiclónica, antes de surgirem sinais para NAO+ (anticiclone mais forte no Atlântico\Açores) para a primeira semana de novembro

É uma transição rápida, e em todas as fases de transição há muita incerteza, mas as previsões dos modelos mostram que será uma transição chuvosa – e até mesmo, possivelmente, tempestuosa, ocasionalmente, entre fim de outubro e início de novembro

Regimes atmosféricos dominantes passam de NAO- para NAO+ sobre o Atlântico?
Regimes atmosféricos dominantes passam de NAO- para NAO+ sobre o Atlântico?

RISCO DE MUITA CHUVA E ATÉ ALGUMA TEMPESTADE MAIS INTENSA, E DEPOIS NOVEMBRO MAIS SECO?

As últimas atualizações dos modelos meteorológicos mostram-nos que entre o fim de outubro, e o fim da primeira semana de novembro pode, efetivamente, haver uma situação de muita chuva em Portugal – eventualmente até igualando a média de precipitação para todo o mês logo na primeira semana, caso as previsões se concretizem

Contudo é importante mencionar que, especialmente a Sul, a incerteza é sempre enorme – por exemplo, até ver, tem chovido muito pouco na região, que ainda aguarda as primeiras chuvas mais a sério – localmente ainda nem choveu, quando se esperava que já tivesse chovido bem mais. Além disso o rio atmosférico previsto (e que existe), tem demonstrado menos capacidade de trazer chuva intensa, muito porque o geopotencial ainda é elevado sobre Portugal

Num contexto de transição de regimes atmosféricos, no entanto, haverá uma tendência para o anticiclone recuar temporariamente, e ceder à formação de depressões, cenário que pode ser amplificado se o ciclone Melissa evoluir para Norte mais rápido que o atualmente previsto. Assim poderemos ficar à mercê de um fluxo de vários dias em que as depressões estão mais próximas, e com menor influência anticiclónica

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Haverá risco claro de dias muito chuvosos, possibilidade de trovoadas, mar agitado – sem descartar alguma situação de vento mais intenso, dependendo da evolução. Devemos dizer que impressiona a quantidade de precipitação prevista pelo modelo GFS – que não é conhecido por exagerar muito na chuva prevista, normalmente é sempre o mais “contido” – por isso é necessário de facto acompanhar toda a situação – especialmente quando o ensemble ECMWF mostra algo semelhante!

Precipitação prevista segundo a média do ensemble ECMWF (EPS) até ao final da primeira semana de novembro
Precipitação prevista segundo a média do ensemble ECMWF (EPS) até ao final da primeira semana de novembro

Apesar de estarmos em seca meteorológica, conforme confirmado pelo IPMA no boletim climático de Setembro, e que persiste ainda a Sul, dado que não choveu, ainda, praticamente, este ano não temos seca hídrica – as barragens têm bastante água, e não há tanta capacidade de encaixe

É assim necessária uma boa gestão, para garantir um equilíbrio, e impedir situações de cheias, especialmente no Tejo, caso se confirme uma situação de mais chuva. Para já perspetiva-se, como (quase) sempre, mais chuva a Norte, quase certamente com valores a superar 150 a 200l\m2 localmente nos próximos 10 dias, mas não descartamos valores da mesma ordem mais a Sul, com o modelo ECMWF, em algumas das suas atualizações a mostrar isto mesmo

Será um desafio extra para as autoridades – se em outros anos nos queixávamos de falta de água nas barragens, este ano queixamo-nos, pelo menos em certas regiões, que pode haver água a mais e falta de capacidade de encaixe para um eventual período chuvoso

Contudo é importante realçar que este período não define como será novembro, no geral, muito menos o inverno que aí vem. Aliás as nossas previsões mostravam um outono seco – e até aqui vinha a ser, interrompido por uma mudança brusca nos regimes atmosféricos, já explicada neste artigo. Contudo, com o vórtice polar a recuperar, e o fim da atividade tropical, poderemos voltar ao expectável para o outono\inverno – menos chuva que o normal. Talvez o frio venha a aparecer no entanto!

Albufeiras com bastante água, com o Tejo acima da média ao longo do outono, algo que é necessário monitorizar!
Albufeiras com bastante água, com o Tejo acima da média ao longo do outono, algo que é necessário monitorizar!

Conte-nos nos comentários abaixo: Já choveu na sua região? Sente as temperaturas acima da média, e ambiente abafado, ou já nota frio? Conte-nos!

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