Jato polar perturbado – Muita chuva, vento e possíveis tempestades até fim de janeiro 2025! – Informação meteorológica especial!

Depois de um dezembro muito seco, e com perspetivas de um fevereiro igualmente seco, vem aí uma alteração do tempo, com chuva, muita chuva a terminar este mês de janeiro, impulsionada por uma alteração drástica da corrente de jato polar

Tudo começa no domingo, dia 19 de janeiro, com uma depressão a afetar os Açores, bastante ativa, e com ventos que podem superar os 100km/h, facilmente, em todas as Ilhas, além de muita agitação marítima e chuva. Esta mesma depressão irá afetar, também, Portugal Continental e Madeira, de certa forma, com alguma chuva

Na segunda-feira, dia 20, uma das frentes associada a esta depressão, evoluindo de sudoeste, e com elevado conteúdo de água precipitável, irá entrar pelo sul do território, evoluindo para Norte, e ao que tudo indica irá deixar precipitação significativa, em todo o país – será o primeiro dia de vários com muita chuva, sendo que nos dias seguintes, e ainda sujeito a confirmação, poderá haver situações de verdadeira tempestade

Um dos modelos que parece estar a lidar melhor com esta situação é o AIFS, modelo de ML\Machine Learning do ECMWF, que há vários dias que insiste numa total quebra do anticiclone, e num fluxo extremamente perturbado, com o Atlântico muito ativo. Igualmente insiste que, entre os dias 24 a 26 de janeiro, pode haver desenvolvimento de uma ou duas depressões muito intensas, perto da nossa latitude, eventualmente causado tempo agreste!

Podemos ver uma dessas depressões, com pressão mínima inferior a 950hPA, no próximo dia 26 de janeiro, na última previsão deste mesmo modelo – felizmente ainda faltam quase 10 dias, pois seria uma situação bastante complicada!

ALTERAÇÃO DA CORRENTE DE JATO POLAR – O QUE SIGNIFICA?

No início de janeiro tivemos uma alteração significativa na estratosfera, com um aquecimento significativo, e um enfraquecimento do vórtice polar

Mais notavelmente esse mesmo vórtice polar acabou por se “esticar” e deslocar mais para Sul, especialmente sobre a América do Norte

O vórtice polar encontra-se na estratosfera, uma camada superior da atmosfera, e para que haja efeitos na troposfera (a camada mais baixa da atmosfera) é necessário um acoplamento dos efeitos desta alteração no vórtice polar – algo que, de facto, ocorreu!

Os fogos na Califórnia, acentuados pelo vento forte, e o frio intenso na América do Norte (que se vai acentuar por volta de dia 20 de janeiro) podem ser atribuídos, em parte, a uma corrente de jato perturbada, muito baixa em latitude, sobre os EUA – e muito intensa!

Obviamente que no caso dos fogos há muitos mais fatores, mas certamente que um anticiclone forte, em resposta a estas depressões, provocando vento forte não ajuda nada no combate, infelizmente – com condições que podem persistir

Para Portugal, em específico, esta alteração no vórtice polar significa que teremos uma circulação Atlântica bastante ativa, com o anticiclone a ser incapaz de responder ao cavamento de várias depressões ABAIXO dos 950mb no Atlântico Norte

Isto significa que, efetivamente, o anticiclone será constantemente empurrado para Sul, e salvo um dia ocasional com o tempo melhor, até perto do fim de janeiro… a precipitação pode ser uma constante, tanto nos Açores como em Portugal Continental… um pouco menos na Madeira!

Mas antes de avançarmos para uma previsão do que se pode esperar (algo resumida, detalharemos mais na previsão semanal), gostaríamos de vos mostrar uma animação que mostra bem aquilo que vai ocorrer – quebra do anticiclone seguido por uma corrente de jato constantemente próxima ou sobre Portugal – resultando em condições de mau tempo!

MAU TEMPO EM PORTUGAL? O QUE ESPERAR A PARTIR DE DIA 20 DE JANEIRO

Antes de mais há BOAS NOTÍCIAS para a região Sul – vai chover, e vai chover bem!

Não temos ainda confirmação de valores, obviamente, no entanto é provável que, em alguns locais, a precipitação total acumulada até fim de janeiro se aproxime dos 100l\m2, a Sul do Tejo – excelente, a média de janeiro será assim atingida, e até ultrapassada, caso se confirme

Esta precipitação será, em boa parte, resultante da frente que nos afetará entre segunda e quarta, dias 20 a 22 de janeiro, pois teremos um fluxo Sudoeste, muito mais favorável para chuva na região Sul, com o anticiclone algo recuado

Depois disso é provável que os fluxos Noroeste comecem a predominar, o que se traduzirá em precipitação ocasional a Sul, mas com menos frequência e intensidade – a partir de dias 22\23 e durante pelo menos 4\5 dias será mais a Norte que a chuva se concentrará, especialmente a Norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, onde os acumulados totais, segundo a média do ensemble ECMWF, rondam os 150 a 300l\m2 – impressionante, largamente ultrapassando a média de precipitação para o mês de janeiro, quando somado com o que já choveu

Obviamente são ainda dados a confirmar, mas é um bom sinal para as regiões a Sul, e certamente que, se vier com calma, será também muito bem-vinda a Norte e Centro, até porque, conforme já referimos, fevereiro, para já, continua com previsão de tempo seco, no geral

QUAL O RISCO DE TEMPESTADES SEVERAS, E QUANDO VOLTARÁ A MUDAR O TEMPO?

Por tempestade severa entendemos uma situação meteorológica de risco elevado, capaz de gerar elevado transtorno para o dia a dia, assim como danos – com emissão de avisos laranja\vermelho por parte das autoridades

E, segundo a nossa análise, particularmente entre dias 24 e 26 de janeiro, como já referido, a probabilidade de alguma depressão mais intensa, capaz de ventos superiores a 110km/h, precipitação> 100l\m2 em apenas 24 horas e ondas superiores a 8-10 metros é moderada a elevada – superior a 60% com base nos variados modelos meteorológicos à disposição

Obviamente que o nível de severidade varia entre os mesmos, e ainda faltam demasiados dias para definir corretamente (na nossa previsão semanal traremos mais detalhe), mas há possibilidade de uma situação menos comum (falamos de algum aviso vermelho por vento e/ou agitação marítima, não descartando também precipitação, na região Norte)

Isto é válido para Portugal Continental, mas também para os Açores, que, sem o escudo anticiclónico, e com um Atlântico muito ativo, em algum dos dias podem ficar, também, à mercê destas mesmas depressões Atlânticas vigorosas

A Madeira, à partida, estará mais protegida – apenas alguma chuva ocasional pode surgir, nada de especial!

Agora a questão que muitos devem fazer, depois de toda esta previsão: Quantos dias irá durar esta situação? Alguma previsão de mudança?

SIM! A previsão de mudança parece clara, para o fim do mês de janeiro, ou início de fevereiro – tanto os ensembles, modelos deterministas a médio prazo, assim como padrões atmosféricos assim o indicam!

Tão depressa como chegou a chuva, e toda esta instabilidade, como poderá ir embora, regressando o anticiclone, e regressando o tempo mais seco

Para já, de facto, é interessante verificar que o inverno está a decorrer como o previsto – um dezembro muito seco, um janeiro com maiores probabilidades de chuva… veremos se fevereiro cumpre a previsão e será, novamente, mais um mês seco, mais semelhante a dezembro, ou se a chuva poderá ter continuação – estas mudanças de padrão por vezes são muito complexas de prever!

NEVE – QUAL A PROBABILIDADE? PODE NEVAR A COTAS BAIXAS?

Neve em Portugal é cada vez mais um fenómeno raro, e restrito ao topo das Serras. É essa a verdade, e não é difícil, então, imaginar que, mais uma vez, a previsão não é favorável para quem gostava de ver o “elemento branco” em altitudes mais baixas

Este tipo de fluxo húmido, Atlântico, com forte componente oeste-leste, com chuva sucessiva, e sem grandes situações pós-frontais, com ar mais frio, não é muito favorável a que haja neve em altitudes mais baixas

A probabilidade de neve abaixo de 1000 metros, de momento, pelo menos de forma significativa, é muito baixa

Por outro lado, na Serra da Estrela e noutras serras do Norte, especialmente, a probabilidade de neve é bastante razoável – podendo até acumular em alguns dos dias!

No entanto a neve pode ser intercalada com chuva, pelo que é difícil, para já, avaliar o potencial de acumulação, e se pode vir a manter-se durante mais tempo… é provável que não

Assim, sem grandes expectativas em relação à neve, aguardaremos pelo atualizar das previsões, e que possa haver alguma intrusão de ar mais frio entre as depressões – só assim poderia nevar em altitudes mais baixas

A previsão de acumulado de neve até final do mês, por parte do ECMWF, não é muito interessante – apenas alguns centímetros, muito poucos, e apenas nas Serras – teremos de acompanhar!

Conte-nos nos comentários, abaixo: Saudades de uma situação de inverno à antiga, como esta que se aproxima, ou gostava que o tempo seco continuasse? Preocupado com o potencial para alguma tempestade? Participe com a sua opinião!

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