Alterações Climáticas – O estado do clima nos últimos meses de 2023 – O que esperar?

Conteúdos
O clima está a mudar – isso é mais que óbvio – e acho que já ninguém o consegue negar – as alterações climáticas são cada vez mais extremas
As causas continuam a ser motivo para debate – entre aqueles que acreditam que a culpa é dos gases de efeito de estufa, entre outros motivos causados pelo homem, e aqueles que simplesmente acham que é o ciclo normal do planeta – mas também são motivo para debate entre cientistas
Neste artigo discutimos 3 tópicos
- Antes de mais aquilo que foi Outubro em Portugal, e o que está a ser Novembro
- O Verão e últimos meses no planeta a nível de temperaturas
- Como estamos em relação aos limites de 1,5ºC\2ºC de aquecimento que queremos evitar
Tentarei explicar como tudo se liga, e como os processos de feedback podem despoletar alterações mais graves e catastróficas sem muito aviso, e como de facto há um desfasamento enorme entre a realidade e aquilo que está a ser feito pelos líderes para mitigar a situação
Antes de mais, e abrindo logo com um dado recente, dia 17 de Novembro foi o dia mais anómalo já registado na Terra, com cerca de 2,1ºC registados em relação ao período pré-industrial – não quer dizer que esse limite de 2ºC já tenha sido atingido, no entanto é um registo marcante, particularmente porque estamos há mais de 5 meses constantemente acima de 1,5ºC – valor esse que realmente parece provável ter sido atingido a longo prazo, confirmaremos…
OUTUBRO E NOVEMBRO EM PORTUGAL
Outubro, conforme revelado pelo IPMA foi o 2º mais quente em Portugal – apenas atrás de 2017 – mas também o 4º mais chuvoso – de que há registos
A primeira quinzena do mês foi incrivelmente quente e houve imensos recordes de mínimas e máximas registados (deixarei já esses registos) mas a segunda quinzena foi mais normal em temperatura e EXTREMAMENTE chuvosa, ao ponto de muitos locais terem registado o Outubro mais chuvoso, e de termos inclusivamente tido o local a registar a maior quantidade de chuva num mês de Outubro em Portugal com mais de 975mm – Ponte de Lima
Mas, afinal, o clima não estava a aquecer constantemente, e a chuva a diminuir? Não estávamos em seca? Como é que 2017 afinal foi mais quente e agora tivemos um recorde de chuva?
Bem, é preciso compreender que AQUECIMENTO GLOBAL É DIFERENTE DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
O aquecimento global, que é uma realidade provada por observações, e totalmente irrefutável, estando a acelerar nos últimos anos, leva a mudanças climáticas. Se o aquecimento tem sido constante, as mudanças climáticas são um pouco menos lineares – havendo períodos em que tudo aparenta estar um pouco mais normal e de repente temos situações que nos mostram realmente do que a natureza é capaz quando é desiquilibrada
As mudanças climáticas, conforme temos sido alertados há décadas, levam a extremos, quer a nível de temperaturas, como chuvas, como tempestades etc
Por isso não surpreende ver recordes de precipitação, uma vez que uma atmosfera mais quente consegue ter muito maior quantidade de água precipitável (cerca de 7% por 1ºC de aquecimento)
Em relação à temperatura chamamos aquecimento global precisamente porque é um aquecimento que ocorre a nível global, e não localizado – e 2023 está a ser sem margem para dúvida o ano mais quente já registado – e em Portugal também será um ano muito quente em média, até porque Novembro está a ser bem quente!
Depois de um início fresco, o período 10 a 20 fica marcado por temperaturas muito acima da média, e apesar de descer nos últimos dias, em média será sem dúvida um dos mais quentes já registado
Ficamos então com os dados sobre os extremos registados de temperatura, em Outubro, assim como o extremo climático de precipitação em Ponte de Lima
Para previsões para Portugal para os próximos dias, sempre atualizado consulte AQUI
TEMPERATURAS MÍNIMAS\MÁXIMAS RECORDE, DADOS IPMA
EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – TEMPERATURAS NO PLANETA NOS ÚLTIMOS MESES – OS MAIS QUENTES JÁ REGISTADOS!
Olhando ao gráfico abaixo não há dúvida sequer do que se tem passado desde Junho – podemos ver que a linha a preto (ano 2023) está SEMPRE acima de qualquer outro dia registado, e mais de 1,5ºC acima da média da era pré-industrial
Conforme já foi referido no início do artigo, a meio deste mês Novembro, estamos agora a atingir cerca de 2.0ºC acima da era pré-industrial
2023 será garantidamente o ano mais quente já registado na Terra, com os últimos 6 meses a serem, todos eles, os mais quentes já registados
Teremos de ver como será a evolução – discutimos isso já de seguida
Apesar das temperaturas extremamente elevadas do ar e dos mares, o gelo no Ártico mantém-se em níveis baixos, mas longe dos mínimos
Na Antártida muito perto dos mínimos históricos
O gelo nos pólos da Terra está, claro, relacionado com a temperatura, mas também com os padrões climáticos em vigor (estabilidade, tempestades etc etc) pelo que por vezes há variações, mas a tendência é clara, o degelo está a ocorrer de forma rápida, e apesar de agora não termos níveis recorde, muito em breve é provável que haja nova descida dos níveis de gelo para níveis recorde, segundo algumas previsões
Os oceanos estão incrivelmente quentes e não há sequer comparação possível com qualquer outro ano, conforme podem ver na seguinte imagem
COMO ESTAMOS EM RELAÇÃO AOS LIMITES 1,5\2ºC E O QUE ESPERAR?
O limite de 1,5ºC estabelecido pelo acordo de Paris é virtualmente impossível de atingir – na realidade já o era aquando do acordo – ponto final
Nem vale a pena falarmos desse limite quando em 2023 já estamos acima dele de forma constante
E 2ºC?
Bem, segundo as projeções atuais esse valor será atingido também rapidamente, e tendo em conta o que vamos vendo se calhar será mais rápido do que pensávamos
Tendo em conta que estes valores eram metas para 2050\2100 e que não as conseguiremos, quase por certo, alcançar (explicação do porquê já em seguida) o que esperar?
Bem, aquilo para o qual fomos avisados: Mudanças climáticas mais repentinas e extremas – com fenómenos climáticos mais extremos, aceleração do aquecimento, degelo e subida mais rápida do nível médio da água do mar
MAS PORQUE RAZÃO ACREDITAMOS NÃO SER POSSÍVEL, JÁ, ALCANÇAR AS METAS DE 1,5\2ºC?
Na realidade e conforme já viu ao ler este artigo esses valores estão já próximos de ser alcançados
Segundo dados recém revelados em 2022 atingimos um novo máximo de concentração de gases com efeito de estufa (daqui em diante chamados por “GEEs), o que significa que em vez de reduzirmos a emissão de gases, a caminho do tão ambicionado “net-zero”, estamos a fazer o oposto
Na realidade, alguém acredita ser fazível reduzir as emissões a zero, com a população a aumentar, num espaço de tempo tão curto? Não é fazível….
Mas mesmo que fosse quase por certo não iria manter a temperatura abaixo dos limites 1,5ºC\2ºC e provavelmente continuaríamos a aquecer, isto porque segundo estudos recentes muito provavelmente já ultrapassámos os “pontos de não retorno” e os efeitos de feedback irão aquecer o planeta, sendo que qualquer ação que tenhamos pode ter um efeito imprevisível
POR EXEMPLO…
A nova legislação para a redução de emissão dos navios pode ter levado a uma redução dos fumos, que poderia ser positivo – mas – a redução desses mesmos fumos pode ter aumentado a radiação solar em certas regiões do oceano, o que levou a maior aquecimento, uma vez que a concentração de GEEs impede que a radiação solar excessiva absorvida seja libertada de volta para fora da atmosfera
Mas aqui entra a questão: Se os fumos\aerossóis desaparecem em pouco tempo, uma questão de dias ou semanas, e os GEEs permanecerão na atmosfera durante dezenas de anos mesmo após pararmos as emissões, como podemos sonhar em reduzir a temperatura?
Para não falar, claro, no degelo, que levará também a um aumento da radiação solar incidente, uma vez que o gelo tem a capacidade de refletir os raios solares (cor branca)
Num cenário hipotético de redução para zero da poluição repentina o mais certo é que um efeito mais devastador ocorresse uma vez que iríamos aumentar de forma DRÁSTICA a radiação solar incidente, sem que os GEEs reduzam, pelo que o desiquilíbrio energético na Terra seria ainda maior
E esse desiqulíbrio atual é o mais alto dos últimos milhares\milhões de anos, pelo que sem nada mudar estamos a caminhar para esse tipo de clima: Um clima insustentável para a vida humana
CONSEGUIREMOS REVERTER A SITUAÇÃO?
Estamos “entre a espada e a parede” e na realidade não sabemos muito bem o que fazer neste momento
O caminho é a redução dos GEEs, sendo que na minha opinião o caminho correto seria redução gradual das emissões, combater a desflorestação, plantar mais árvores, para que o CO2 excessivo possa ser absorvido e “llmpo” naturalmente, e outras medidas de combate bem pensadas e trabalhadas, mas não drásticas – temos de emitir menos, mas não o podemos fazer repentinamente – isso provocará um desiquilíbrio ainda maior
Por outro lado a emissão de aerossóis também é prejudicial para a saúde
É uma questão muito difícil de se resolver, e que nos deixa muitas vezes “sem ideias” – vai requerer pensamento conjunto, de todos sobre o melhor a fazer – deixe nos comentários do artigo, em baixo, aquilo que você acha, e qual a sua opinião!
Se todos fizermos um pouco para que a nossa pegada ecológica seja menor conseguimos reduzir um pouco as emissões e finalmente entrar no caminho de redução de emissões e consequentemente em breve as concentrações de GEEs podem diminuir gradualmente, embora não seja um caminho fácil – só depois um cenário de baixas emissões e redução de fumos e aerossóis pode “funcionar” e começar a reduzir a temperatura na Terra
É difícil, e tem de ser pensado e equilibrado, e por isso, sinceramente, se acho que vamos conseguir? A minha resposta é não, mas espero estar errado
Em breve teremos a COP28 – conferência global pelo clima – esperemos que dessa conferência, por fim, surjam medidas que possam ser executadas, realistas e com a ciência a ser ouvida!
Teremos de ir acompanhando a evolução, todos os dias vão surgindo novos dados
Estudos e modelos climáticos revelam que devemos estar, de momento, a caminhar para um colapso da AMOC – apenas um dos efeitos das mudanças extremas
O planeta irá equilibrar-se, naturalmente, mais tarde ou mais cedo, temos de ser resilientes e fazer o nosso melhor para conseguirmos sobreviver nesta readaptação – e não será nada fácil, é a maior certeza
NOTAS FINAIS E FONTES USADAS PARA A INFORMAÇÃO
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