Afinal quando chove em Portugal? Fim da NAO+ e tempestades no Atlântico tropical podem trazer a resposta! Saiba a análise do tempo para a primeira quinzena de outubro

A cada dia que passa cada vez mais vemos a pergunta: quando chove em Portugal? Quando muda o tempo?- há agricultores preocupados com a falta de chuva, assim como há bombeiros (e populações, claro) preocupados com o risco crescente de fogos florestais tardios caso a precipitação devida não chegue. E as notícias não são as melhores – mas há uma esperança, ou uma luz ao fundo do túnel

Analisando os últimos outputs dos modelos meteorológicos a curto prazo, e comparando com os outputs dos modelos de previsão subsazonal, começamos a perceber uma tendência de mudança, a começar particularmente depois de dia 10, mas inicialmente sem efeitos práticos – e depois de dia 15 com as probabilidades de chuva a aumentarem mais significativamente

Isto vai mesmo de encontro à nossa previsão mensal para outubro – e virá depois de um período em que o vento leste até pode dominar na segunda semana do mês, como, aliás, iremos em breve detalhar na previsão! Mas, se há esperança de mudança, também há muitas dúvidas na mesma – quando se tratam de alterações de padrões e regimes atmosféricos os modelos ficam uma confusão, e até mesmo uma pequena alteração pode levar a uma situação bem diferente

Por isso, e depois de um setembro seco, e um início de outubro também ele sem qualquer chuva em Portugal, a esperança da precipitação surge a partir do meio do mês, sensivelmente, mas ainda com um grau de incerteza elevado – continue a ler para mais detalhes, e para perceber com que tipo de tempo pode contar até lá!

RESUMO RÁPIDO DA PREVISÃO DO TEMPO NA PRIMEIRA QUINZENA DE OUTUBRO E POSSÍVEL MUDANÇA DEPOIS

Prevemos de forma resumida um padrão de bloqueio – com o anticiclone relativamente intenso, e algo estático sobre o Atlântico e Europa Ocidental

Prevemos assim entre 5 a 12 de outubro tempo seco, e temperaturas geralmente por cima da média, com alguma possibilidade de ventos leste em alguns dos dias, o que poderá levar a temperaturas por cima da média mesmo no litoral. Não se descarta a possibilidade de nevoeiros em alguns dias em que o vento seja mais fraco e predomine de Norte

Prevemos a mudança progressiva, e aumento da probabilidade de chuva depois de dia 13, embora seja depois de dias 16\17 que algo mais concreto poderá surgir – com probabilidade atual a rondar os 30% – portanto… apenas uma esperança, para já

Até lá será necessário que haja a continuação de prevenção de fogos florestais, assim como a manutenção de prontidão de resposta, pois o risco vai aumentar, inevitavelmente, dada a baixa humidade, temperaturas elevadas, e até algum vento em alguns dias!

A segunda quinzena pode ser mais variada e trazer alguma chuva, contudo não deve ser excecionalmente chuvosa. Poderá no entanto surgir um episódio mais tempestuoso, ou pelo menos chuvoso, caso alguma das depressões tropicais\subtropicais que se irão formar se conseguir aproximar, e arrastar consigo a humidade do Atlântico subtropical. Os Açores terão certamente mais chuva, como iremos informar em breve…

“NAO” E A INFLUÊNCIA NO TEMPO EM PORTUGAL

Nestes últimos dias, o regime no Atlântico tem sido o NAO+, (North Atlantic Oscillation positiva), ou seja Oscilação do Atlântico Norte. Mas, afinal, o que isto significa?

Na realidade é um nome muito complexo que apenas indica que o anticiclone dos Açores está forte, e no seu local habitual – ou seja precisamente perto do arquipélago que lhe dá o nome. Mais tecnicamente, no entanto, refere-se à diferença de pressão entre os Açores e latitudes mais a Norte – sendo que a fase positiva da NAO indica então um anticiclone mais forte nos Açores e a fase negativa significa que o anticiclone se move mais para Norte

Com um anticiclone forte no Atlântico subtropical, mais a Sul, a corrente de jato é forçada para Norte – como tem sido aliás nos últimos dias, dando inclusivamente origem a situações de mau tempo, e resultando até em processos de ciclogénese – que evitam Portugal, e afetam o Norte da Europa. NAO+ é um “inimigo” conhecido nos outonos e invernos mais secos, felizmente, no entanto, tudo pode mudar rápido!

O que mostram as previsões para as próximas semanas? Olhemos ao modelo “gold standard” ECMWF! – dados disponíveis em “open-source” no portal oficial, felizmente – algo que era impossível há uns anos! E podemos verificar que a NAO+ está a terminar, dando lugar a uma situação de bloqueio – o que significa que os estados do tempo ficam mais “estáticos”

Tipicamente num bloqueio meteorológico, enquanto o mesmo durar, verificamos condições de tempo semelhante ao longo dos dias num determinado local, sem alterações muito significativas, por vezes monótono – mais uma vez é um grande “inimigo” para Portugal neste momento, pois a chuva começa a ser necessária, e um bloqueio com tempo seco, como previsto não nos irá beneficiar!

Por outro lado, este bloqueio parece trazer um anticiclone quasi-estacionário sobre o Atlântico e em extensão para o Golfo da Biscaia – embora com alguma quebra na estabilidade do mesmo, através do surgimento de perturbações em altitude, sem que tenham efeitos em Portugal – contudo podem vir a formar alguma “DANA” em breve, que pode afetar Espanha – detalhes quando necessário

QUANDO PODER CHEGAR A CHUVA A PORTUGAL? QUANDO SE ESPERA MUDANÇA?

Nesta previsão falamos EXCLUSIVAMENTE de Portugal Continental – para informação para as Ilhas aguarde a habitual previsão semanal, que é publicada aos domingos!

E para Portugal Continental, para já, prevemos que até dias 15-17 não haja mudanças muito significativas, conforme carta acima, com o padrão atmosférico de bloqueio a persistir. Contudo, precisamente por volta desses dias, a dúvida surge, sendo o regime de “ATR”, ou crista Atlântica, aquele que é favorecido durante uns dias – antes de NAO+ voltar a surgir como mais provável

Uma crista Atlântica significa que o anticiclone se move mais para Norte, em crista, sobre o Atlântico Norte, podendo forçar as depressões que circulam habitualmente nessa latitude a descerem, aumentando a probabilidade de chuva no nosso país, e temperaturas mais baixas – com a descida das massas de ar frio das latitudes mais elevadas para as latitudes médias

Por outro lado o surgimento de NAO+, novamente, nas previsões, não augura que haja uma grande duração deste (possível) padrão mais favorável a alguma chuva. Contudo… os trópicos podem dar uma “ajuda”

Isto porque, segundo as previsões ECMWF, a atividade tropical vai voltar a aumentar, e coincidirá precisamente, com este regime. Não descartamos assim, embora nada esteja previsto concretamente, a aproximação de alguma sistema tropical ou subtropical a águas nacionais, e algum episódio de chuva mais intensa na terceira semana de outubro

Não contamos que seja algo para ficar muito tempo, mas não acreditamos que este “marasmo” fique inalterado muito tempo depois de dia 15… até lá, contudo, sol e mais sol é aquilo que devemos ter!

Para já, e como já referido continuaremos com temperaturas acima da média – algo que será notório especialmente no domingo e segunda-feira – na segunda-feira por exemplo com temperaturas claramente acima da média, com valores que podem atingir os 32 a 34ºC nos Vales do Sado e Tejo, mas também com valores próximos mesmo no litoral Centro do país

Tempo balnear ótimo portanto, com a água do mar a ajudar, e aquecer um pouco com a falta de vento Norte que continua a ser prevista. Se ainda puder aproveitar, portanto, uma ida à praia poderá fazer parte dos seus planos nesta primeira quinzena de outubro!

Obrigado pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja muito útil! Fique atento a possíveis mudanças, que comunicaremos atempadamente, caso necessário!

Conte-nos nos comentários abaixo: Preocupa-o a falta de chuva, ou está a gostar desta espécie de Verão prolongado? Participe com a sua opinião!

Muito obrigado pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja muito útil!

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