O Verão de 2023 – o mais tórrido e invulgar que já assistimos? Análise e previsão

Depois de um Abril muito quente, e de um Maio também ele com períodos quentes, mas em que, regra geral, ficou perto do que têm sido os últimos anos, Junho entrou instável, e com dias tropicais, sem muito calor, com precipitação que, em alguns locais, já ultrapassa a média do mês, e tem-se falado muito num Verão “tropical”
Muita gente tem então associado que este não deve ser um Verão demasiado quente, e que este regime ameno\quente, com chuva frequente vai persistir
Na realidade alguns modelos assim o indicam, mas devem ser interpretados em contexto. Julho e Agosto são dois meses em que existe muito pouca instabilidade\chuva, por norma, em Portugal Continental, pelo que, como é óbvio qualquer ano em que haja um pouco mais teremos uma anomalia positiva de precipitação – nem que isso seja apenas 1 ou 2 dias de chuva em cada um dos meses – daí falar em mais ou menos chuva que o normal em Julho ou Agosto ser praticamente inútil
Neste artigo de previsão irei falar sobre o que falta de Junho (segunda quinzena), Julho e Agosto, mas falar também sobre o que poderá ser a transição para o Outono
Antes de mais é importante mencionar que estamos em “território desconhecido em vários aspetos” – Atlântico mais quente de que há registos, degelo recorde, ENSO+ (El Niño) entre outros fatores (emissões de GEE em níveis recorde por exemplo)
Assim as previsões ficam mais difíceis, pois não compreendemos bem, ainda, o que está a ocorrer
No entanto e para resumir a Luso Meteo analisou diversos modelos, desde os sazonais C3S, as suas médias, entre outros fatores e concluiu que
- A segunda quinzena de Junho será já bem mais quente que a média e levará a que, no âmbito geral, o mês termine classificado como quente. No período 14 a 17 os valores máximos podem tocar 40ºC e depois disso, apesar de 2\3 dias mais húmidos mais a Norte e amenos, é inevitável vermos as temperaturas a tocar novamente 40ºC, provavelmente mais
- Julho será muito diferente, com calor bem mais persistente e intenso. Foi há poucos anos que tivemos o Julho mais quente de sempre, mas este ano potencialmente poderá ameaçar esse recorde. Calor de forma bastante persistente, embora interrompido algum dos dias por alguns fluxos mais subtropicais, e com extremos que com elevada probabilidade podem superar 43-45ºC
- Agosto será um mês em que os efeitos de El Niño + seca + falta de humidade nos solos + padrão climático previsto podem levar a que se torne invulgar, no sentido em que poderá ser extremamente quente com variados períodos de calor perto de recordes\recordes, mas sem descartar alguma incursão tropical (depressão\tempestade tropical). De novo a ocorrer apenas seria 1\2 dias a interromper o ciclo de calor extremo em que segundo as nossas probabilidades poderá superar o anterior máximo histórico (47,4ºC), isto se este não for superado antes, já em Julho. As condições para fogos florestais serão extremas, com humidade frequentemente abaixo de 20%. Apesar de tudo o vento pode ser menos que o habitual
- Setembro\Outubro irão gradualmente trazer-nos um padrão tropical, e obviamente para já a única coisa que podemos dizer é que serão mais quentes que a média climática e dentro do que têm sido os últimos anos – extensão do Verão. Este ano em particular o risco de alguma tempestade tropical é maior, assim como é o risco de dias ainda perto ou acima de 40ºC mesmo até meio de Outubro
VAMOS OLHAR AOS OCEANOS
A imagem acima não deixa dúvidas: nunca tivemos o mar tão quente como agora, de tal forma que este evento pode ser classificado como um evento que, sem alterações climáticas, nunca ocorreria. Ou melhor a probabilidade seria de 1 em 1 milhão…
Depois de 3 anos de La Niña a mascarar o verdadeiro aquecimento global, este mostra toda a sua força agora que entramos na fase oposta, El Niño, e mostra-nos que o aquecimento global está pior do que qualquer perspetiva anterior
Não são gráficos que devemos interpretar com leveza: Esta anomalia é gigantesca e simplesmente não sabemos o que poderá representar a curto\médio prazo. Se os piores cenários se concretizarem no entanto a nossa vida na Terra irá mudar significativamente
Para Portugal em específico é difícil de dizer os impactos desta situação, no entanto no resumo de previsão para o Verão mencionámos os extremos mais prováveis, e com este aquecimento dos oceanos é muito provável que esses extremos se venham a verificar. SÓ POR MUITA SORTE NÃO TEREMOS TEMPERATURAS RECORDE ao longo do Verão
A nível global aumenta bastante a probabilidade de termos 2023 como o ano mais quente de que há registo, e 2024 ainda mais provável
Preocupante, sem dúvida
SECA EM PORTUGAL
Maio trouxe agravamento e todo o país está em seca. Em comparação com 2022 o Norte e Centro estão um pouco melhores e o Sul, infelizmente, pior
Assim deverá continuar, com evolução para seca extrema que durará pelo menos até Novembro
Os anos El Niño trazem grande imprevisibilidade aos cenários de precipitação no Outono, pelo que depois, logo veremos, mas não há grande confiança numa recuperação da seca a Sul
Conforme se pode ver na imagem algumas regiões do país têm os solos atualmente muito secos, e deve ser nessas regiões onde o calor se irá concentrar mais nos próximos meses
E NAS ILHAS?
A Madeira pode vir a ter algo como o Continente, no fundo… Mais quente e ocasionalmente instável, mas o calor a dominar
Nos Açores não será muito diferente e o calor também será “rei”, em vários dias muito abafados, tropicais…
Mas há nos Açores um risco significativamente maior que noutros anos de tempestade tropical\furacão – a probabilidade é cada vez maior de ano para ano, mas nunca como neste Verão, na opinião da Luso Meteo
Em baixo a carta de anomalia de temperaturas ao longo do Verão – será longo… veremos como se desenrola
A equipa Luso Meteo agradece a sua leitura deste artigo de previsão, esperando que lhe seja útil!
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