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São normais tantas tempestades na Europa no Verão? Podem ocorrer em Portugal?

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Se tem seguido as notícias já se deve ter apercebido que este está a ser um início de junho com várias tempestades na Europa, em vários países, e várias regiões do Continente! Temos tido registos quase diários de trovoadas, granizo, rajadas… enfim todo o tipo de tempo severo

Mas é normal este comportamento atmosférico em pleno mês de junho, o primeiro mês de Verão? E pode também verificar-se em Portugal?

Antes de mais devemos esclarecer que é PERFEITAMENTE normal – sempre ocorreu, havendo anualmente registos deste tipo de situações de tempestade, em alguns dos anos mais fortes que noutros – lembramos por exemplo, em julho de 2021, uma situação trágica na Alemanha e Bélgica, e outros pontos da Europa, que acabou por causar mais de 200 mortes

Contudo também podemos falar, obviamente, no aumento deste tipo de situações, devido ao aquecimento global, alterações de comportamentos atmosféricos, nomeadamente bloqueios mais persistentes, e aumento da temperatura da água do mar (mais notável no mediterrâneo, levando a situações mais extremas no Sul de Itália, por exemplo, ou no leste de Espanha, ambas com enormes consequências, como por exemplo a “DANA” que afetou Valencia em 2024)

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Pode verificar-se uma situação semelhante em Portugal? Sim, pode – contudo, devido à nossa posição geográfica, e a outros fatores, não é tão provável – explicamos tudo de seguida!

Tempestades continuam na Europa no domingo, 8 de junho...
Tempestades continuam na Europa no domingo, 8 de junho…

TEMPESTADES NA EUROPA NO VERÃO SÃO NORMAIS – MAS DIFERENTES DAS TEMPESTADES DE INVERNO!

Como já referimos é perfeitamente normal, e até muito comum, a ocorrência de tempestades de Verão na Europa, um pouco por todo o lado – e isso deve-se… ao anticiclone dos Açores, em parte!

Pode parecer uma contradição, uma vez que associamos, normalmente, o anticiclone dos Açores a tempo mais estável – mas a explicação está na forma como o mesmo se comporta no Verão – estendendo-se, muitas vezes, em crista, para o Golfo da Biscaia

Ora, como num centro de altas pressões (anticiclone) o ar circula no sentido dos ponteiros do relógio, a leste do mesmo temos um fluxo de Norte – sobre a Europa Central, normalmente, muitas vezes com a descida de bolsas de ar frio em altitude, que acabam presas (isoladas, daí o nome “depressão isolada”) pelos anticiclone a Oeste, e a Leste – dá-se, aí, um choque de massas de ar – mais frescas, vindas de Norte, mais quentes, a Sul

Nessa região de fronteira surge muita energia, que, em conjunto com humidade vinda, muitas vezes, do mediterrâneo, acaba por causar toda esta instabilidade – deixamos uma imagem exemplo que explica este fenómeno!

Como o reforço do anticiclone tende a provocar mau tempo na Europa, no Verão
Como o reforço do anticiclone tende a provocar mau tempo na Europa, no Verão

Estas tempestades de Verão tendem a trazer diversos riscos, sendo que nas regiões mais próximas do mediterrâneo, com maior influência de toda a humidade, por norma, o maior risco é a chuva excessiva, e, nas regiões mais afastadas, muitas vezes, o granizo grande – que é mais comum no leste da Europa

Também podem ocorrer tornados, dependendo obviamente das condições particulares de cada situação

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Estas situações são bastante diferentes das tempestades de Inverno, que normalmente são caracterizadas por baixas pressões, ventos muito fortes, chuva forte – mas sem granizo e\ou trovoadas, pelo menos de forma muito significativa. Essas tempestades geralmente devem-se ao enfraquecimento do anticiclone, que permite que as depressões Atlânticas tenham uma trajetória em direção ao “Velho Continente”

Fica um exemplo de uma carta mais “Invernal”, para que se possa apreciar a diferença na configuração atmosférica comum!

Circulação de depressões  sobre a Europa - cenário normal de Inverno!
Circulação de depressões sobre a Europa – cenário normal de Inverno!

ESTAS SITUAÇÕES PODEM OCORRER EM PORTUGAL?

Não só podem, como ocorrem! Felizmente, até ver, raramente com as mesmas condições e severidade do que é registado noutros locais!

Temos algumas particularidades que, felizmente, vão impedindo situações mais extremas – desde logo… o anticiclone dos Açores, que, como referido, normalmente acaba por influenciar o tempo por cá, com ar mais seco, durante o Verão – e, com ar seco, normalmente, não há condições para trovoadas!

Obviamente que por vezes, particularmente nos meses de maio e junho, enquanto a atmosfera ainda se prepara para a estabilização típica dos meses de pleno Verão (normalmente Julho e Agosto), e com fortes variações térmicas, surgem as depressões isoladas em altitude perto do nosso território – mas, felizmente, e normalmente, demasiado a leste para nos afetarem (o que causa muitas vezes problemas em Espanha ou França), ou a Oeste – com ar mais seco, poeiras e até calor

Por vezes cruzam o nosso território, ou aproximam-se, mas há (quase sempre) algum fator inibidor, ou limitante, que ajuda a que a situação não seja tão severa – sejam poeiras, ar seco em altitude, pouca energia – enfim, normalmente as condições em Portugal são menos severas – o que não quer dizer que não ocorram situações bem intensas – a 21 de junho de 2018, em Chaves, em menos de 1 hora, ocorreram fortes inundações, que causaram uma situação de enorme risco – e é apenas um exemplo!

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Para terça, dia 10 de junho, com uma depressão em altitude bem perto de Portugal Continental, estamos a prever uma situação de risco meteorológico – pode ler a análise dessa situação clicando AQUI

Quando as perturbações se situam a Oeste\Sudoeste do nosso território temos maior risco de tempo localmente severo, no Verão!
Quando as perturbações se situam a Oeste\Sudoeste do nosso território temos maior risco de tempo localmente severo, no Verão!

PAPEL DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NESTAS TEMPESTADES

Sim, as alterações climáticas têm um papel na frequência e intensidade destas situações, conforme já comprovado por diversos estudos – e, aliás, algo para o qual já vimos sendo alertados há muitos anos, e se vai verificando

As razões são várias – corrente de jato mais perturbada, aumentando a probabilidade de depressões a descer em latitude, e a chocar com o ar quente mais a Sul – que, cada vez está mais quente, também, uma vez que o Mediterrâneo é um dos mares no planeta que mais tem aquecido!

Mediterrâneo com temperaturass muito acima da média - dados ClimateReanalyzer
Mediterrâneo com temperaturas muito acima da média – dados ClimateReanalyzer

O anticiclone mais forte no Atlântico, que podemos ligar a alterações na célula de Hadley, e que está também fortemente relacionado com as alterações climáticas, é também responsável por “forçar”, como já referido, massas de ar frio em direção à Europa

E, claro, os padrões de bloqueio no Ártico (que é a região do planeta que mais aquece, em média), que acabam por forçar, também, as massas de ar frio, por vezes, mais para Sul do que seria expectável – forçando um choque de temperaturas cada vez maior

Com maior temperatura a Sul, massas de ar frio em descida, vindas de Norte, e maior humidade vinda do mediterrâneo (com maior temperatura maior é a quantidade de vapor de água que a atmosfera consegue reter) estão reunidas todas as condições para tempestades cada vez mais intensas, no Verão, na Europa

Contudo obviamente, há imensas variáveis! – e alguns anos terão mais fenómenos extremos que outros, e dentro do mesmo ano podemos ter períodos quentes e muito estáveis, seguidos por períodos bem instáveis – contudo, se fizermos uma média, facilmente perceberemos que a intensidade, frequência e severidade das situações está a aumentar significativamente!

Inundações catastróficas no centro da Europa em 2021... Fenómenos como este podem tornar-se cada vez mais intensos!
Inundações catastróficas no centro da Europa em 2021… Fenómenos como este podem tornar-se cada vez mais frequentes!

Muito obrigado pela leitura desta informação, que esperamos que lhe seja útil!

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