Rio Atmosférico deve afetar Portugal na próxima semana (19-26 de outubro) – saiba o que é este fenómeno, e as previsões!

O outono está finalmente a começar a instalar-se de forma mais significativa, com o bloqueio anticiclónico a terminar, e as depressões a descerem em latitude. Como já é, aliás, algo habitual, começamos a ouvir falar no fenómeno “rio atmosférico” – mas, afinal, o que é um rio atmosférico, e de que forma poderá afetar Portugal na próxima semana?

Antes de mais, como já referimos anteriormente, já no domingo, a precipitação deve regressar a Portugal, com a passagem de uma superfície frontal – com alguma intensidade – que poderá deixar acumulados generosos de precipitação, especialmente no Norte e Centro do país

Mas será na próxima semana, com o anticiclone bem recuado, e com um fluxo de Sudoeste, que se irá instalar verdadeiramente um período que promete bastante humidade, e eventualmente bastante chuva – ainda é necessário confirmar alguns detalhes de previsão, obviamente. O que estará em causa é a formação de um “rio atmosférico”, que poderá ligar os subtrópicos a Portugal Continental, particularmente ao Noroeste do país

O QUE É UM RIO ATMOSFÉRICO?

Um rio atmosférico é uma faixa longa e relativamente estreita de ar muito húmido que transporta grandes quantidades de vapor de água na atmosfera – uma espécie de “rio no céu”, daí o nome pelo qual este fenómeno é habitualmente conhecido

Quando se fala num rio atmosférico a afetar Portugal isto geralmente significa que:

• Existe um intenso fluxo de ar muito húmido, geralmente vinda das regiões tropicais do Atlântico, que passa em muitos casos pelos Açores e se dirige para a Península Ibérica

• Este “rio” pode ter milhares de quilómetros de comprimento, mas geralmente tem apenas algumas dezenas ou centenas de quilómetros de largura

• O vapor de água transportado acaba por condensar ao encontrar relevo, montanhas como Gerês, Marão\Alvão, ou Estrela, originando chuvas intensas e persistentes em Portugal Continental, que tendem a ser mais intensas geralmente a Oeste da barreira de condensação, precisamente

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Um rio atmosférico só causará chuvas intensas se o anticiclone permitir – por vezes a alta pressão acaba por empurrar o vapor de água demasiado para Norte, e aí a chuva fica a Norte da Península Ibérica. Além disso a posição do geopotencial mais elevado pode levar a mais persistência de precipitação na mesma zona

Isto acontece porque elevado geopotencial a Sul pode impedir a precipitação de descer em latitude, forçando a mesma a evoluir sobre o Norte do território de forma persistente

Isto pode causar:

• Precipitação prolongada, podendo causar inundações nas zonas afetadas e mais vulneráveis

• Ventos ocasionalmente fortes e, muitas vezes, aumento da temperatura (devido ao ar subtropical húmido e quente)

• Na maior parte das vezes os rios atmosféricos produzem precipitação que varia entre o fraco a moderado – um regime de chuva torrencial é menos comum, embora possível

QUAIS AS PREVISÕES PARA PORTUGAL NA PRÓXIMA SEMANA?

Ainda é cedo para falarmos em valores definitivos, uma vez que os modelos continuam a mudar as previsões de forma significativa – no entanto parece que teremos, efetivamente, bastante chuva a Norte

O ensemble do modelo Europeu, talvez a melhor ferramenta disponível atualmente, prevê entre 100 a 200mm nas regiões mais a Norte (zonas montanhosas, como Gerês), e entre 30-40 a 80mm no geral a Norte do Tejo. A sul do Tejo, contudo, a precipitação será muito menos significativa

Isto é, de facto, compatível com tudo aquilo que referimos anteriormente – o ar húmido irá ser transportado de Sudoeste para Nordeste, e irá deixar precipitação especialmente nas regiões montanhosas do Norte do país – podendo até causar alguns problemas, como derrocadas e deslizamentos de terra, por exemplo, em regiões mais vulneráveis – particularmente

Haverá a possibilidade de alguns períodos com abertas, particularmente pois o anticiclone por vezes terá um pouco mais de influência, com a dorsal africana do mesmo a influenciar, ainda, a região Sul – onde o ar quente irá persistir, com temperaturas ainda próximas aos 30ºC ao longo da semana

Este regime chuvoso pode durar entre 4 a 6 dias (toda a semana, em princípio), antes de uma viragem para um fluxo mais de Norte, e aí o tempo mais fresco poderá chegar. Contudo tudo isto ainda terá de ser confirmado, e tudo está sujeito a alterações, dada a volatilidade atual do regime atmosférico

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