Furacão Gabrielle leva ventos até 160km/h aos Açores, muita chuva e mar agitado – saiba como evoluirá esta depressão na aproximação a Portugal Continental

Conteúdos
O furacão Gabrielle é o tema do momento na meteorologia em Portugal, com diversos comunicados já emitidos pelo IPMA, primeiro em relação aos efeitos nos Açores, mas também com um comunicado já emitido em relação a Portugal Continental – o que tem deixado muita gente preocupada com um possível temporal no Continente, também
Não nos parece haver qualquer razão para preocupação em Portugal Continental, e já explicaremos o porquê, mas, antes disso, temos de falar do risco nos Açores – aí sim, por demais evidente, com as Ilhas do Grupo CENTRAL a serem as que parecem mais na “mira” deste ciclone tropical – com a intensidade e estrutura a serem as principais dúvidas
A maioria dos modelos de previsão mostra um ciclone com pressão central entre 975 e 985mb na passagem pelo grupo Central do arquipélago dos Açores – e este é ainda um “range” possível de cenários bastante distintos – entre tempestade tropical a furacão de categoria 1 moderado
Os modelos de previsão especializados em furacões, nomeadamente os tradicionais HWRF, HAFS e HMON todos mostram entre 55 e 70kts de intensidade na passagem pelo arquipélago, ou seja vento médio entre 100 e 140km/h, aproximadamente, com rajadas superiores
Assim, e fazendo uma “média” destes cenários é possível que tenhamos um furacão categoria 1 em enfraquecimento na passagem pelo arquipélago, com rajadas máximas nos 150\160km/h. A trajetória, sendo ainda uma incógnita, torna-se um desafio para a previsão, contudo, e como já referido, parece mesmo provável que sejam as Ilhas Centrais as mais afetadas

FURACÃO GABRIELLE – EFEITOS PREVISTOS NOS AÇORES
A imagem de satélite atual (à hora de escrita desta previsão, 7h, 24\09\2025) mostra já um ciclone tropical bastante mais enfraquecido – e, apesar do NHC ainda considerar um ciclone categoria 3, com pressão nos 953mb, não é o que o satélite nos mostra – acreditamos plenamente que seja já um furacão categoria 2, apenas
O ar seco, windshear e água menos quente está a enfraquecer o ciclone, como seria, aliás, previsível. Espera-se que a tendência continue nas próximas 36 horas

Contudo, na aproximação aos Açores há mais dúvidas – uma possível interação positiva com a corrente de jato poderia levar a um período curto de reintensificação – transição para ciclone pós tropical
Isto significa que poderia perder todas as características tropicais, mas ganhar temporariamente força – ao encontrar água mais fria. Este processo não deve ocorrer até passar os Açores, pelo que é provável que o ciclone chegue aos Açores ainda como ciclone tropical, como referimos provavelmente classificado como furacão categoria 1

É algo a observar, pois este tipo de processos é complexo, e por vezes leva à formação de um fenómeno denonimado por “sting-jet”, criando uma área de ventos muito mais destrutivos. Como o ciclone deverá completar a transição já após os Açores torna menos provável esta situação, mas não pode ser descartada
Os efeitos esperados são, assim:
ILHAS DO GRUPO OCIDENTAL: Efeitos a começarem ao meio\final da tarde de dia 25 (quinta-feira), com ocorrência de períodos de chuva, por vezes intensa. A chuva deve prolongar-se durante dia 26, pelo menos durante a manhã. O vento pode começar a ser bem forte também ainda na quinta, dia 25, sendo que na madrugada e início da manhã de dia 26 pode soprar com rajadas até 120km/h segundo previsões atuais. O mar poderá ter ondas superiores a 12 metros até ao final do dia 26 de setembro
ILHAS DO GRUPO CENTRAL: Tudo indica que serão as mais afetadas pelo vento forte do “Gabrielle”, com as rajadas a começarem ao final do dia 25, e a prolongarem-se até dia 26, entre 120 a 140km/h, podendo, pontualmente superar este valor (até 160km/h podem ser possíveis). A chuva poderá ser pontualmente intensa, mas não excecional. O mar também terá ondas pontualmente superiores a 12 metros no dia 26 de setembro
ILHAS DO GRUPO ORIENTAL: Em princípio um pouco mais salvaguardadas dos piores efeitos de vento e chuva, esperando-se, nesse capítulo, um dia normal de Inverno, com aguaceiros e vento com rajadas até 85-95km/h. O mar poderá também ter ondas superiores a 12 metros a partir da manhã de dia 26 e até início do dia 27
De referir a INCERTEZA associada, ainda, pelo que ligeiros ajustes podem ser necessários – embora, provavelmente, já não vá mudar tanto assim – pelo que deve agora seguir os conselhos da proteção civil dos Açores, assim como outras autoridades competentes


TRAJETÓRIA PARA PORTUGAL CONTINENTAL E POSSÍVEIS EFEITOS
Um ciclone EXTREMAMENTE cisalhado (enfraquecido), com intrusões de ar seco, e com a alta pressão a rodear o mesmo, deverá seguir em direção a Portugal Continental – em águas de 22\23ºC – tudo razões que nos levam a crer num enfraquecimento rápido, e uma depressão pós-tropical de baixa intensidade
Existem 2 “clusters” de modelos e ensembles neste momento – aqueles que mostram o ciclone ainda a chegar com alguma vida ao Continente, provocando alguma chuva e vento, numa situação, ainda assim, perfeitamente normal (isto para DOMINGO, dia 28), e outros que mostram uma dissipação (quase) total antes da chegada a Portugal Continental, empurrado para Sul pelo anticiclone
Este cenário poderia fazer com que nem sequer chovesse, e o vento não fosse sentido. É possível que haja um consenso no meio – alguns aguaceiros, que começam a parecer mais prováveis no Centro\Sul, e no litoral, mas sem vento significativo, nem risco meteorológico EXCETO a agitação marítima – na excecional, mas provavelmente com ondas acima de 4 metros a partir de domingo
Assim, e salvo qualquer mudança inesperada, muito pouco provável, não parece haver risco meteorológico signifciativo associado ao ciclone Gabrielle para Portugal Continental (ou Madeira), devendo continuar o tempo algo quente, e abafado!
É sempre importante nestas situações ter em atenção que, dado o ar seco previsto a lutar contra o ciclone, existe efetivamente o risco de nem chover em muitas regiões, especialmente no Interior Norte e Centro. Por essa razão é CRUCIAL não baixar a guarda na prevenção de fogos florestais – pelo contrário, estes dias com previsão de chuva que por vezes não surge, são muitas vezes os piores, por razões óbvias

E DEPOIS DO GABRIELLE, MAIS FURACÕES NO ATLÂNTICO?
Sim, tudo indica que sim! Há duas áreas em observação, ambas se devem transformar em ciclones tropicais nas próximas horas/dias, no extremo Oeste da área de desenvolvimento tropical do Atlântico – podem ser os ciclones Humberto e Imelda
Ambos se devem formar em zonas relativamente próximas – pelo que até podem ter interação entre os dois, e alterar a trajetória, contudo não parecem vir a causar problemas para Portugal. Um deles pode ter uma aproximação a águas nacionais dentro de 8 dias, mas o mais provável é o anticiclone sair reforçado, e bloquear a passagem do mesmo
O outro… poderá ter uma trajetória mais próxima dos Estados Unidos da América, mas com impacto direto pouco provável – felizmente. Contudo neste tipo de situações é sempre difícil de dizer com certezas, pelo que há que acompanhar
Para já parecem ser 2 ciclones a conseguir quebrar a tendência desta época de furacões ser abaixo do normal – e podem ser seguidos por novo período de calma. Será que termina por aqui, ou ainda surgirão mais? O normal é que ainda haja mais ciclones, até porque a época de furacões só termina em novembro. Contudo os modelos não mostram nada fora do comum, para já

Muito obrigado pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja muito útil!
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