Poderá uma depressão – DINA a caminho de Portugal dar origem a uma tempestade? Saiba a previsão para dias 23 a 25 de junho 2025!

Já muito se tem falado sobre uma possível tempestade em Portugal nos dias 23-25 de junho, apanhando assim o período do São João – mas será mesmo verdade? Pode ocorrer verdadeiro mau tempo no nosso país, ou apenas uma situação passageira de trovoadas?

Bem, a resposta é mais complexa do que possa parecer inicialmente, muito porque a situação é novamente bastante complexa – e não muito diferente da situação de dia 10 de junho – em que pensávamos efetivamente que iria ocorrer uma tempestade em Portugal e a mesma se desviou!

De qualquer forma estamos atentos (e até já temos elaborado um artigo sobre esta situação) e estamos a analisar a evolução da previsão, sendo que, para já, não temos condições para afirmar que teremos uma tempestade em Portugal – mas também não temos condições para afirmar o contrário

Uma depressão vinda do Atlântico deverá interagir com a corrente de jato, sendo puxada para Nordeste (novimento Sudoeste-Nordeste, numa situação bastante semelhante à de 10 de junho, novamente), sendo que, para já, os modelos vão simulando condições de instabilidade no Interior e mais a Norte – sendo que, grande parte, aponta para que o pior fique em Espanha – aliás como podemos ver por exemplo na previsão ARPEGE para terça, 24 de junho

TEMPESTADE EM PORTUGAL 23-25 DE JUNHO – O QUE DIZEM OS MODELOS?

Bem sabemos que os modelos meteorológicos nestas situações valem o que valem – até mesmo no próprio dia chegam a falhar bem! Mas ainda assim são a melhor ferramenta que temos, e o apoio nas nossas previsões, pelo que é a eles que temos de recorrer

E, assim, e a esta distância temporal sendo os modelos europeus os melhores, mas tendo o americano sido mais eficaz na última situação, o melhor é mesmo tentar perceber os vários cenários

O modelo ARPEGE, baseado nos mesmos dados do Europeu IFS\ECMWF, mas com cálculos diferentes, mostra mau tempo no dia 23 no nosso território, com bastante energia e condições para granizo grande e rajadas, enquanto no dia 24 o mau tempo fica principalmente em Espanha

Já o ECMWF mostra algo semelhante, mas com grande parte em Espanha, e o que mostra em Portugal não é assim tão intenso – definitivamente nada a ver com o que se passou no mar, a escassos kms de Portugal no passado dia 10

O GFS, modelo americano, mostra alguns núcleos de tempestade no Interior do país, e outros mais no mar, muito como no dia 10 – no fundo algo semelhante, até – enquanto o britânico UKMO está mais parecido com o ARPEGE, com uma situação de instabilidade no Interior, no dia 23, e mais a Norte, dia 24, não tão grave assim! Para ilustramos as probabilidades o melhor é usar o ensemble ECMWF, onde podemos ver a probabilidade de chuva dias 23\24\25, sendo que nos locais onde chova haverá, dado a energia, também probabilidade de trovoadas e granizo

Podemos ver que, inicialmente, no dia 23, a precipitação é mais provável nos distritos do Interior, nomeadamente Portalegre, Castelo Branco, Guarda e Bragança, mas também mais a Norte, incluindo Vila Real, Viseu e Braga, por exemplo

Contudo nos dias 24 e 25 a probabilidade eleva-se no litoral, onde será mais provável a Norte do Cabo Raso

A energia acumulada é elevada, como podemos ver na carta do ICON-EU – MLCAPE acima de 2000J\Kg em alguns locais, pelo que o risco de fenómenos severos localizados poderá, efetivamente, surgir…

POEIRAS E INIBIÇÃO CONVECTIVA – PREVISÃO DE HUMIDADE EM ALTITUDE

Este tipo de depressões, muitas vezes denominadas por cut-offs (palavra inglesa para expressar que se trata de uma depressão isolada da circulação geral da atmosfera) são também por vezes designadas por DINA ou DANA, siglas em Português\Espanhol para Depressões Isoladas em Altitude\Níveis Altos

Isto significa que, por norma, há pouca expressão à superfície, sem frentes definidas, normalmente, e com pouco cavamento – sendo a instabilidade criada por choque térmico, com ar mais frio em altitude, assim como maior humidade

Contudo o deslocamento desta depressão irá provocar vento de Sudeste, arrastando poeiras do Norte de África, novamente, e ar relativamente seco – parecem ser os maiores inibidores convectivos…

Mesmo havendo bastante calor nos dias anteriores (mas menos do que já houve o que também limita a energia), e havendo um choque térmico, a poeira e baixa humidade irão quase garantidamente limitar a generalização desta situação. Contudo, onde os fenómenos ocorrerem, como já referido, com CAPE elevado trarão sempre risco de algo mais severo

Aliás, olhando ao modelo MRF, modelo suiço do Meteologix, podemos ver que há potencial para granizo 5+cm – haver potencial não garante, contudo, que tal vá ocorrer, nem de forma geral!

E NA NOITE DE SÃO JOÃO, 23\24 DE JUNHO – TEREMOS MAU TEMPO?

Olhando à vasta maioria dos modelos meteorológicos teremos tempo quente, abafado, noite possivelmente tropical em alguns locais, e há risco de aguaceiros

Contudo acreditamos que não choverá em Portugal Continental na grande maioria das regiões, com os modelos meteorológicos a simularem grande parte da instabilidade que se formar ao longo da tarde de dia 23 a dissipar – podendo manter-se apenas mais a Norte

Porto e Braga, por exemplo, duas cidades que festejam o São João com grandes eventos, podem ser dois locais a ser afetados por aguaceiros, conforme mostra o modelo UKMO-HD para a madrugada

Contudo, nestas situações é sempre aconselhável seguir o radar, pois só em tempo real (ou quase) se conseguirá perceber – tudo se forma muito rapidamente

CALOR DEPOIS? SIM… MAS…

Já aqui falamos que a última semana do mês, particularmente os últimos 3\4 dias (26\27 a 29\30) deverão ser marcados por calor, sendo que há grandes variações entre previsões, e parece haver alguma influência marítima na massa de ar

Não quer necessariamente dizer que vai haver tempo mais fresco no litoral, há ainda incerteza, contudo isso parece provável – muito calor no Interior, mais uma vaga de calor, eventualmente até onda de calor (veremos a duração), com tendência para maior intensidade que a anterior, com máximos bem acima de 40ºC nos locais mais quentes

Contudo, também isso é incerto, sendo que os modelos já mostraram cenários de máximas a rondar 45ºC, e atualmente mostram valores nos 42ºC – ainda tudo é possível, digamos – algo mais extremo, ou algo muito quente, mas dentro do esperado para finais de junho, digamos

Seja como for o São Pedro será diferente do São João – mais estável, bem mais quente, e com o risco a ser outro – o risco de incêndio! Fique atento para atualização em relação a essa situação, que traremos brevemente

Muito obrigado pela sua confiança e preferência, e pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja útil!

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