Furacões no Atlântico, tempestades na Europa – como fica Portugal no meio disto tudo?

Conteúdos
Chegou aquela altura do ano em que todos sabemos que vai acontecer, mas não sabemos exatamente onde se irão formar – os furacões. A época tropical vai de junho a novembro, mas a grande maioria da atividade é concentrada entre a segunda quinzena de agosto e a primeira metade de outubro, por norma
E, sem dúvida, já notamos isso – com o furacão ERIN, que atingiu categoria 5, e agora está bem mais fraco, à medida que passará a Oeste dos Açores – e sem efeitos muito significativos no arquipélago (poderá haver alguns aguaceiros fracos ocasionais) – mas também com outras perturbações que, em breve, se podem tornar tempestades tropicais\furacões
Embora não haja risco iminente para Portugal – e, na realidade, para nenhum país, uma vez que os ciclones tropicais em 2025 continuam com a tendência já anteriormente referida de curvar mais para Norte, o que leva a que representem menos perigo para os locais mais afetados, normalmente, estes ciclones têm forte impacto nas previsões! – como notámos na previsão para o fim-de-semana, que foi apresentada inicialmente como tendo chuva prevista, mas que se veio a revelar uma previsão errada!
Porquê? Porque a frente que supostamente afetaria o nosso país dissipa-se com o reforço do anticiclone, que se deve à transição do furacão ERIN para tempestade extratropical nos próximos dias – um processo complexo, que os modelos tiveram dificuldade em prever, mas que acabou por resultar em previsão de tempo seco, e até quente, em vez de chuva!
Isto é má notícia para os bombeiros, que, à data de hoje ainda combatem o fogo que começou em Piódão, pelo 10º dia consecutivo, depois de já ter queimado, pelo menos, 60 mil hectares – infelizmente o risco de incêndio volta a aumentar entre dias 22 e 26 de agosto, com tempo seco – mas o que pode significar a atividade tropical depois disto, e como poderá evoluir o tempo em Portugal e na Europa?

ATIVIDADE TROPICAL – O QUE TUDO ISTO SIGNIFICA PARA PORTUGAL?
Diretamente? Nada. Felizmente não estamos na rota de nenhuma destas tempestades. Contudo, indiretamente, será interessante seguir a dinâmica e perceber, se, mesmo no fim do verão climático há uma mudança que permita chover em locais onde, efetivamente, não choveu nos últimos 3 meses!
Os furacões, com toda a energia que transportam, são fenómenos que têm capacidade de alterar a circulação geral da atmosfera, levando a um arrastamento do anticiclone mais para Oeste, como temos verificado – o que tem trazido tempo mais “fresco” – e, por isso, são uma forma que temos de prever como pode evoluir o tempo
Este afastamento do anticiclone para Oeste pode abrir as portas a uma descida do jato polar, e de formação de frentes, que se podem aproximar de Noroeste, a probabilidade de chuva aumenta – mas isto não significa que vá, efetivamente, chover
De facto, com mais um ciclone em formação há que acompanhar o período de 27 de agosto em diante – que promete chuva, de facto, segundo vários modelos meteorológicos – alguns não passa de umas “pingas” mais a Norte, outros trazem a chuva pelo menos ao Norte e Centro, localmente com intensidade – e, claro está, alguns nem prevêem chuva
Qual estará certo? Não sabemos, a incerteza é mais que muita! No entanto, olhando aos modelos que têm demonstrado maior capacidade de previsão, diríamos que é mais provável que haja apenas alguma chuva a Norte, sem grande intensidade no geral – e, a chover algo mais intensamente apenas no Minho e Douro Litoral – onde a água precipitável pode ser mais elevada
Contudo faltam 5\6 dias, e até lá é provável vermos um reforço no anticiclone nas previsões – e as frentes previstas poderão facilmente dissipar. Em resumo: Sim, a atividade tropical tem grande influência, e pode mudar previsões que parecem certas, mas para já continuamos sem prever muita chuva em Portugal – o que também é normal em Agosto.
As previsões que dão conta de chuva e o fim do risco de incêndio por conta dessa situação são exageradas, e podem criar uma falsa sensação de relaxamento, o que não é bom – e tem de haver contenção em divulgar essas previsões sem certezas, dado o contexto atual
Claro que tudo isto poderá mudar, e até pode haver uma continuação e reforço do afastamento do anticiclone se a atividade tropical persistir. Contudo, e conforme podem ler de seguida, não é isso que está a ser previsto!

FURACÕES NO ATLÂNTICO – O QUE MOSTRAM AS PREVISÕES?
Depois de a segunda quinzena de Agosto ter começado com a formação do “ERIN”, há agora várias outras áreas em observação pelo NHC, e, pelo menos uma delas, será nomeada em breve – e, mais uma vez, deverá seguir um caminho não muito diferente!
Isto significa que irá curvar para Norte, eventualmente para Nordeste – sendo que este ciclone, para já, mostra maior potencial para atingir, eventualmente, a Terra Nova (Canadá), embora intensidade seja uma incógnita!
Para já não nos parece haver grande risco, felizmente, para estes locais – mesmo que se aproxime poderá ser em fase descendente de intensidade, e o mais provável até é mesmo passar ao lado. Mais uma vez será um ciclone que evita o caminho mais “tradicional” e não irá para Oeste, poupando as Caraíbas\EUA novamente

Há outras perturbações em análise, mas nada muito concreto – nem mesmo o GFS, o modelo da “fantasia” como é conhecido nesta altura do ano, em previsões a mais de 8 dias (pois constantemente inventa ciclones tropicais que não se verificam) mostra nada de muito significativo
O modelo ECMWF nas suas previsões médio prazo mostra que a tendência é para uma acalmia da atividade tropical no final de agosto e na primeira quinzena de setembro – o que nos leva a crer que nos próximos 15 dias, pelo menos, não teremos impactos de qualquer furacão em Terra – o que é uma excelente notícia, e também vem, para já, confirmando a nossa previsão – não deve ser uma temporada de furacões muito ativa
Isto pode significar, para Portugal, o regresso gradual de tempo mais seco, pontualmente mais quente, para setembro – aliás como já havíamos falado – mas a incerteza é ainda grande, e iremos atualizar quando nos for possível!

TEMPESTADES NA EUROPA A PARTIR DE DIA 26 DE AGOSTO – POTENCIALMENTE SEVERAS!
Um “outbreak” de tempo severo pode estar a desenvolver-se para a Europa a partir de dia 26 de agosto, com uma perturbação do jato polar a ser insistentemente colocada a atravessar o Continente – primeiro com a depressão isolada que se forma perto da Península neste fim-de-semana 23\24 de agosto, e depois com perturbações Atlânticas
Estas perturbações são forçadas a descer para a Europa Central, devido ao bloqueio anticiclónico em latitudes mais elevadas, criando assim condições para chuva, e, através do choque de massas de ar, para trovoadas – que podem ser localmente intensas
Em alguns locais, e sujeito a confirmação, estas tempestades podem ser mesmo muito intensas – com grandes quantidades de chuva, que podem levar a risco elevado de inundações – sendo mais provável nas regiões mais a Sul na Europa, como aliás tem sido habitual nestas situações de tempo severo
Iremos seguir atentamente a situação, e informar quando houver algo mais concreto previsto – para já fica apenas a nota que poderá, de facto, haver uma situação de instabilidade bastante intensa no sul da Europa a partir de dia 26, por isso se está em alguns dos locais potencialmente afetados (ver imagem de previsão abaixo) deverá manter toda a atenção
Muito obrigado pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja útil!

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