O Atlântico tem estado sem furacões, mas isso pode mudar a meio do mês de setembro – Atualização época de furacões 2025

Conteúdos
Este Verão tem sido muito calmo no Atlântico Tropical, uma excelente notícia até ver, com poucas tempestades formadas, e poucos furacões, sendo que o mais forte (furacão Erin), acabou por atingir mesmo categoria 5, mas dissipou-se no mar, sem atingir Terra
É sem dúvida uma situação que gostaríamos que se mantivesse durante todo o resto da época de furacões, que se prolonga até novembro. Mas será que é provável que tal se verifique, ou, mais tarde ou mais cedo, os ciclones irão surgir? A resposta parece óbvia: Ainda irão surgir muitas tempestades este ano, e se calhar mais cedo do que esperamos. Mas ainda assim é interessante verificar esta calma em pleno pico da temporada tropical no Atlântico
Esta calma aparente está ligado a diversos fatores – não se deve a água mais fria – na realidade a água na região de desenvolvimento tropical está com temperatura acima da média – mas sim a padrões globais de circulação, com a MJO as favorecer um período de alta pressão no final de agosto e até meio de setembro sobre o Atlântico, que acabou por se verificar!
Agora parece haver uma mudança em curso, com as fases ativas da MJO a serem favorecidas (1\2\3) e a propagarem-se para leste – podendo levar a que se desenvolvam áreas de baixa pressão no Atlântico tropical – e maior probabilidade de desenvolvimento tropical
De notar que esta situação também favorece a subida dos geopotenciais no Atlântico Subtropical (Anticiclone dos Açores), levando a um regime mais quente sobre a Europa – algo que já confirmámos, e que se irá verificar até dia 20, com uma onda de calor em Portugal

AFINAL O QUE É A MJO, E COMO INFLUENCIA O TEMPO NO MUNDO?
A MJO (Oscilação de Madden-Julian) é um fenómeno climático que ocorre nas zonas tropicais do planeta. É um fenómeno passageiro, com fases de 30 a 60 dias, geralmente. De forma simples podemos dizer que é uma região de atividade convectiva e chuvas que circula à volta do planeta, sempre em latitudes próximas ao equador. Foi descoberta em 1971 pelos cientistas Roland Madden e Paul Julian (daí o seu nome)
A MJO tem várias fases – sendo que temos as fases ativas, e as fases suprimidas, dependendo da região do planeta. A MJO propaga-se de Oeste para leste ( contrariamente aos furacões, por exemplo ), sendo que nas zonas onde está mais ativa existe muito mais chuva que o habitual, e em zonas “vizinhas” existem áreas de tempo mais seco – as tais fases ativas e suprimidas
O movimento da MJO não afeta o tempo apenas nos trópicos – afeta o clima em várias regiões do planeta. Dependendo da fase em que se encontra, a MJO pode alterar a frequência de furacões no Atlântico, intensificar ou reduzir a monção na Índia, podendo também outros padrões atmosféricos importantes para o planeta, entre os quais o regime de chuvas na Amazónia, por exemplo. É um dos fenómenos climáticos mais importantes, e de difícil previsão
As previsões meteorológicas são muito complexas quando falamos nos trópicos, precisamente porque envolvem a interação entre diversos sistemas climáticos de larga escala – ENSO, MJO, entre vários outros. Usando a MJO podemos conseguir ter uma ideia razoável de como evoluirão as condições para desenvolvimento tropical, mas há outros fatores
Este ano temos tido ENSO neutro – nem El Niño nem La Niña se estão a impor – contudo tem havido mais tendência para La Niña. Apesar disso normalmente favorecer windshear mais baixo que o normal, tal não se tem verificado – estes ventos “cortantes” no Atlântico acabam por desfavorecer a formação de ciclones. De certa forma já esperávamos que pudesse ocorrer – mas lembramos de novo – há ainda muito tempo para se formarem várias tempestades, e basta uma para causar muitos estragos, infelizmente

ONDE ANDAM OS FURACÕES? O QUE MOSTRAM AS PREVISÕES?
Agora que estamos quase a meio de setembro podemos começar a olhar para previsões de modelos numéricos, como o ECMWF, por exemplo, para tentarmos perceber como pode evoluir a época de furacões daqui para a frente
É interessante verificar que este modelo tem sido excelente neste tipo de previsões! Contudo deve ser notado que são previsões de elevada dificuldade, sendo que há sempre furacões que “escapam” aos modelos, e se formam de forma imprevisível, e\ou o contrário – algumas tempestades que parecem certas… dissipam!
Os modelos prevêem, geralmente, em larga escala, com base nos fatores favoráveis\desfavoráveis – sendo um indicador fiável de atividade geral, mas não indicando trajetórias a longo prazo – apenas se consegue prever a trajetória de um furacão com fiabilidade no período 4-7 dias
Para o final de setembro, começando já nesta terceira semana, 15 a 22, o ECMWF prevê maior frequência de ciclones que o habitual – será de esperar, assim, que possam surgir pelo menos uma ou duas tempestades. O NHC, inclusivamente, já está a monitorizar uma onda tropical que saiu de África e poderá ter evolução

Para o final do mês e primeira semana de outubro a previsão é semelhante, sendo que parece haver uma tendência para acalmia posteriormente – em linha com a provável mudança nos regimes MJO
Algo que é interessante verificar é que apesar de prever frequência maior de tempestades, a energia acumulada é próxima da média – o que poderia indicar que não serão muito fortes. Contudo é preciso realçar que o ECMWF (ou qualquer outro modelo a longo prazo) não são especialmente bons em intensidade de furacões
Para Portugal, para já, o risco parece mínimo para qualquer furacão nos poder “visitar”, pelo menos em Portugal Continental e Madeira. Para os Açores o risco é sempre maior, pelo que seguiremos a acompanhar, mas sem que haja nada em previsão, para já

Muito obrigado pela leitura desta previsão, que esperamos que lhe seja muito útil!
Conte-nos nos comentários abaixo: Acha que se vai confirmar o surgimento de tempestades\furacões no Atlântico, ou continuará tudo calmo? Participe com a sua opinião!
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