Mudança na atmosfera, com um corredor de depressões no Atlântico Norte – como é que irá afetar Portugal? Saiba a nossa análise!
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Conteúdos
Depois de cerca de 2 semanas com um padrão de bloqueio, que tem estado a impedir a formação de depressões no Atlântico, e levado a tempo muito variável e algo instável em Portugal, teremos agora uma mudança na atmosfera, que levará à formação de diversos ciclones, na habitual trajetória de Sudeste para Nordeste
Este é o tipo de regime atmosférico que leva, muitas vezes, à formação de depressões nomeadas (ou seja depressões que são consideradas de alto impacto), com o anticiclone a desaparecer das latitudes mais a Norte – e a surgir mais intenso no Atlântico
A forma como o anticiclone se posicionará irá determinar o local de formação das depressões, e também a trajetória das mesmas – o que também afeta o potencial de intensificação das mesmas
A primeira destas depressões afetará já os Açores entre quinta e sexta-feira, com muito vento (acima de 100km/h), e ondulação forte, afetando, depois, Portugal e Espanha – conforme já referimos poderá vir a ser uma depressão nomeada como “Jana”, eventualmente
Depois desta depressão, e logo a seguir, no fim-de-semana, deveremos ter a formação de mais um ciclone que se deve posicionar perto das Ilhas Britânicas, e, embora não seja certo que vá ser mais uma depressão nomeada, o vento forte voltará à região
Várias outras depressões se podem seguir, todas com este tipo de trajetória, comum no Inverno, sendo que a extensão e posicionamento do anticiclone irão determinar os efeitos em Portugal – que podem variar entre apenas alguma agitação marítima, até chuva forte e vento forte
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DEPRESSÕES NO ATLÂNTICO, COM INVERNO A TERMINAR – QUAIS OS EFEITOS?
Faltam 10 dias, aproximadamente, para o fim do Inverno climático (final de fevereiro) – no entanto agora notamos o Atlântico a reativar-se, com maior atividade ciclónica, e estamos a acompanhar o que poderá ocorrer no final do inverno, e início da Primavera
Olhando a anos anteriores, e aos meses de Primavera (Março, Abril e Maio), podemos notar que, por vezes, há mais precipitação que durante o inverno – e maior variação de temperaturas
Este inverno foi completamente “banal” em termos de frio – sim, existiu frio, mas nunca frio muito intenso, particularmente quando associado a precipitação – o que levou a que a neve, para além do topo das montanhas, praticamente não existisse
Esta mudança, para já, não deverá trazer mudanças nas temperaturas em Portugal- apesar da passagem provável de algumas frentes, não estamos a contar com pós-frontais frios, pelo que a neve, no geral, deve continuar ausente – no entanto há alguma probabilidade de mudanças em Março, com alguns modelos a mostrarem temperaturas, pontualmente, abaixo da média
É difícil de dizer, para já, qual o período mais provável para estas situações, mas com a probabilidade de passagem a um regime NAO+ mais robusto, agora que a MJO parece encaminhar-se para as fases 2\3, é possível que as depressões que se formam no Atlântico Norte acabem por “mergulhar” sobre a Europa Central – com algum frio a ser arrastado também para a Península Ibérica
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Devemos notar que não teremos frio persistente – apenas uma ou outra situação pontual, em que o frio e chuva se podem conjugar, e pode vir a nevar em altitudes médias-altas – é improvável que chegue a cotas baixas, mas se nevar em altitudes a rondar os 1000 metros, já será interessante para a época do ano, considerando o que ocorreu durante o inverno
Este padrão atmosférico pode levar a períodos muito ventosos nas Ilhas Britânicas, Norte da Península Ibérica, e tempo mais quente na Europa – depois de um período frio no leste do Velho Continente
No entanto é um regime atmosférico menos favorável a chuvas na região Sul de Portugal- depois da redução da seca na região em janeiro, fevereiro e março devem trazer um agravamento da situação, novamente – felizmente não tão grave como poderia ser se não tivesse chovido bastante em janeiro, que acabou por ser a “salvação” deste inverno!
Nos Açores, inicialmente, teremos bastante vento, já na quinta-sexta, 20 e 21 de fevereiro, mas depois, com o anticiclone mais forte, muito provavelmente o tempo mais seco acabará por chegar, tal como já havíamos referido – tempo seco (e calmo) também será o regime dominante na Madeira nas próximas semanas
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PODERÁ HAVER O RISCO DE ALGUMA TEMPESTADE SEVERA EM PORTUGAL?
Não parece muito provável, embora, para já, apenas estejamos a analisar tendências, e tudo surja muito repentinamente nestas situações
No entanto, com um padrão NAO+, tipicamente, as depressões passam bastante a Norte de Portugal Continental, pelo que, sim, podemos ter situações bem ventosas (por exemplo já na sexta, 21 de fevereiro), no entanto não prevemos nenhuma situação de tempestade mais severa – apenas situações normais
A chuva deverá ocorrer maioritariamente na região Norte – no Sul resta saber se chegará sequer a chover, ou pelo menos se passará de chuva fraca\chuvisco – mas, pelo menos para já, não há indicação de nada excessivo, também, à semelhança do vento
Estas situações, no entanto, são notórias pela agitação marítima que acabam por gerar em boa parte do Atlântico Norte, sendo que, muitas vezes, a Costa Ocidental acaba por sentir os efeitos de forma significativa!
Assim continuaremos a acompanhar, mas não deve ficar preocupado com a possibilidade de tempestades severas – mesmo que alguma venha a ser nomeada não nos deve afetar diretamente
Mau tempo? Sim, pode vir a ocorrer, ocasionalmente. Mas nada a que não estejamos bem habituados!
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CARNAVAL – PROBABILIDADE DE TEMPO SECO?
É sempre interessante tentar prever o tempo a largo prazo para um dia específico, particularmente quando se tratam de dias de alto interesse – como por exemplo Natal, Passagem de Ano, Carnaval, Páscoa…
No entanto muitas vezes apenas conseguimos dar uma tendência de evolução, e não uma previsão, particularmente quando faltam cerca de 15 dias
No entanto, já temos vindo a referir a probabilidade de vir a ser um Carnaval seco, e mantemos a mesma previsão – pois os regimes de circulação parecem favorecer um anticiclone posicionado sobre a Europa Ocidental
Isto tem vindo a ser mostrado por vários modelos meteorológicos (nem todos, por exemplo na última atualização o modelo Europeu IFS\ECMWF mostra tempo chuvoso e frio!) e parece ser uma tendência de evolução lógica e natural
Não vamos já garantir nada, mais uma vez, mas continuamos a deixar essa probabilidade como elevada (75%). Nos próximos dias estaremos a atualizar a informação, para lhe dar a conhecer como poderá realmente ser o Entrudo, em Portugal – assim que houver mais certezas
Mas, para já, segundo o modelo GFS, através do seu ensemble, podemos ver a probabilidade de precipitação para terça, 4 de março – variando entre 25 a 50% no nosso território – este é um dos modelos mais otimistas em relação a precipitação no Carnaval, mas a média multimodelo não é consensual, e, a esta distância, normalmente há um “bias” que é corrigido assim que os dias se aproximam, nas transições para NAO+, pelo que é possível que esta probabilidade vá diminuindo
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Seja como for, e aconteça o que acontecer, este inverno fica marcado e registado como um inverno muito quente, possivelmente entre os 3 mais quentes já registados em Portugal
Como já referido Janeiro foi o mês de “salvação” de uma situação que poderia ter sido potencialmente muito complicada em termos de seca – sendo que os próximos meses irão ditar se teremos um Verão descansado, ou se a seca ameaçará ainda a região Sul
Outra coisa que deve ser referida, e este dado é a nível GLOBAL, surpreendentemente o mês de janeiro foi o mais quente em registo, apesar do fenómeno La Niña
Ainda não é certo como vai evoluir a temperatura global nos próximos meses, mas fevereiro não continuará a tendência, podendo mesmo ficar abaixo do limiar de 1.5ºC (não muito, certamente) acima da média da era pré-industrial
No entanto, e olhando às previsões, há tendência para que março traga, de novo, potencial para recordes…
Veremos como tudo evolui, sendo que, se La Niña se mantiver, o risco de uma época de furacões muito ativa volta a ser maior que o habitual, embora haja, obviamente, outros fatores a serem considerados
Muito para ver nos próximos tempos, poderá acompanhar tudo aqui na Luso Meteo! Muito obrigado pela leitura desta publicação!
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Conte-nos nos comentários abaixo: O que achou deste inverno, agora que está praticamente no fim? Notou menos frio que o habitual? Ainda acredita numa surpresa nas próximas semanas? Conte-nos!
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