Vulcão Cumbre Vieja: Dióxido de enxofre transportado para a Europa
O vulcão Cumbre Vieja, em La Palma, Canárias, entrou em erupção no Domingo, 19 de Setembro, estando neste momento continuamente a expelir lava, e por vezes com episódios mais explosivos, continuando também a atividade sísmica
Muito se tem falado deste vulcão particularmente pelo (suposto) risco de colapso de uma das vertentes da Ilha, o que poderia provocar um tsunami
Segundo os especialistas em vulcanologia no entanto isso é uma possibilidade extremamente remota, uma vez que para isso acontecer um conjunto “extremamente raro” de situações teriam de se conjugar
Mas isso não quer dizer que o vulcão não tenha outros impactos significativos… A destruição causada, tanto a nível habitacional, como a nível dos ecossistemas, é devastadora, não só pela destruição em si – causada pela lava – mas também pelas cinzas e partículas, que se elevam vários kms na atmosfera, e podem permanecer durante meses
Erupções vulcânicas são frequentes na terra, já tendo sido mais no passado, e apesar de contribuirem para as alterações climáticas são uma gota no oceano, uma parte ínfima sem relevância…
No entanto a nuvem de gás associada a uma erupção vulcânica pode ter efeitos a nível da saúde pública
A nuvem de gás associada ao vulcão Cumbre Vieja irá evoluir para Nordeste ao longo dos próximos dias, transportada pela fluxo da depressão isolada que nos tem afetado com chuva e trovoada
Vejamos primeiro a carta que nos mostra a evolução da nuvem de gases (Sulfato de Hidrogénio, Sulfato de Enxofre, Vapor de água etc…), segundo o modelo europeu IFS-ECMWF (Como é óbvio a intensidade de uma erupção não é previsível, assim é apenas uma estimativa que requer monitorização)
Podemos ver que às 9H UTC de dia 24 de Setembro a nuvem de gás já chega a grande parte do Sul e leste Espanhol, evoluindo depois para França, BeNeLux e, eventualmente, outros países do leste Europeu mais daqui a uns dias
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Essa nuvem de gases poderá fazer com que o céu fique um pouco “embaçado”, nas regiões afetadas, mas o efeito na saúde pública não deverá ser muito significativo, isto porque os gases irão andar em altitudes muito elevadas, praticamente inabitadas
Obviamente que qualquer gás presente na atmosfera tem algum impacto na saúde, mas mais uma vez, tal como os efeitos nas alterações climáticas, é um impacto negligível
Infelizmente a poluição a nível mundial é já tão grande, e o ar puro tão raro, que este tipo de eventos naturais, que antes da era industrial seriam um dos principais poluentes, agora, pelo contrário, são algo praticamente irrelevante… Isto numa altura em que a OMS fixa limites mais rígidos na concentração de poluentes, que são responsáveis por mais de 8 milhões de mortes por ano – mais do dobro que a COVID-19 vitimou no mesmo período de tempo
No entanto, conforme já mencionado, requer monitorização, pois, caso o fluxo em superfície mude, pode haver uma maior presença de gases à superfície o que seria mais prejudicial – o dióxido de enxofre, por exemplo, causa inflamação das mucosas
Vejamos o fluxo previsto a 700hPA (3000m) para percebermos qual a razão do transporte desta nuvem de gás (e também qual a altitude a que estará presente…)
VENTO A 700hPA (3000m) IFS-HRES
Podemos ver o fluxo desde as Canárias até à Europa, responsável pelo transporte das poeiras
No entanto quando vemos a mesma previsão de vento a 850hPA (1500m) esse fluxo não existe, pelo que podemos assim verificar que os gases andarão acima de 1500m de altitude, onde pouca gente habita
VENTO A 850hPA (3000m) IFS-HRES
PORTUGAL CONTINENTAL E MADEIRA
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Os efeitos em Portugal Continental e Madeira serão pouco sentidos
É possível que no Interior ao longo de dia 24 a nuvem de gases se faça sentir, notando-se como uma ligeira bruma, no entanto nos dias seguintes será varrida para leste
Na Madeira pode persistir durante alguns dias uma ligeira concentração de gases, sem qualquer preocupação para a saúde pública – certamente ninguém irá notar
EFEITOS NO MAR
A lava do vulcão Cumbre Vieja em breve atingirá o Oceano, e quando o fizer, irá provocar uma reação que terá várias consequências… A lava a mais de 1000ºC ao atingir a água provocará “explosões” com libertação massiva de vapor de água, inofensivo para a saúde
Ainda assim será mais uma preocupação
A temperatura da água nas zonas costeiras subirá muito, mesmo alguns kms para alto mar… Poderá levar dias\semanas depois da erupção terminar para essa normalização, sendo que terá também efeitos a nível do ecossistema marinho
Toda a situação é monitorizada em permanência pelo programa Copernicus, através dos satélites Sentinel
A imagem abaixo refere-se ao momento em que a lava, numa filmagem por drone, atingiu uma piscina em La Palma… O efeito no mar será semelhante, mas em larga escala
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