Confirmado: Verão mais quente e seco já registado – 2025 – Várias ondas de calor e recordes – saiba mais dados climáticos deste Verão histórico!

Aquilo que fomos referindo ao longo do Verão, e reforçando ao longo de Agosto, um mês excecional, acaba de ser confirmado pelo IPMA através da publicação do relatório resumido sobre o clima no Verão de 2025 – este foi o Verão mais quente já registado, e mais seco (desde 1931)

A anomalia foi evidente tanto nas máximas como nas mínimas, mas foi nas máximas que as temperaturas foram mais excecionais – sendo este, então, o Verão com as máximas mais altas em registo

A precipitação média, cerca de 10l\m2, no total dos 3 meses, corresponde a apenas 25% do total normal – o que significa que choveu cerca de 4 vezes menos do que é habitual para estes meses de Verão – sim, não costuma chover muito, mas também não é normal haver muitos locais que nem uma gota receberam ao longo do Verão!

Há muito mais para detalhar, no entanto, sobre este Verão – desde várias ondas de calor, duas delas de longa duração, a vários extremos absolutos – vejamos primeiro a carta que nos mostra as anomalias de temperatura na Europa neste Verão, seguindo-se mais detalhes!

VERÃO MAIS QUENTE JÁ REGISTADO – ALGUNS DADOS CLIMÁTICOS

Como podemos ver na imagem acima a anomalia de temperatura foi especialmente elevada no Interior Norte e Centro – e foi precisamente aqui que se registou a onda de calor mais duradoura já registada no nosso país – de 29 de Julho a 17 de Agosto!

É impressionante como durante este período houve alguns locais no nosso país que estiveram (quase) diariamente acima de 40ºC – por exemplo em Pinhão no Interior Norte todos os primeiros 10 dias do mês de Agosto foram bem acima de 40ºC, tendo mesmo esta localidade terminado com uma média de 42.6ºC este período!

Tivemos também outras ondas de calor, nomeadamente a onda de calor de final de junho e início de julho – também bastante longa, com duração máxima de 14 dias – sendo que durante essa onda de calor foi ainda registado um valor máximo de 46.6ºC em Mora, no Alentejo – no dia 29 de junho. Foi o valor mais alto do Verão, e também o Verão mais alto já registado em Portugal para um mês de Junho. Ao todo registaram-se 33 extremos absolutos de temperatura máxima

É importante referir que houve valores mais altos registados por estações meteorológicas não oficiais, da rede MeteoAlentejo, em Torrão (Alcácer do Sal), por exemplo, mas como a estação IPMA de Alcácer do Sal, por exemplo, não estava a funcionar, fica difícil de saber se poderíamos inclusivamente ter tido um valor superior ao de Amareleja (2003, 47,4ºC)

Uma outra onda de calor mais curta ocorreu entre 15 a 20 de junho, sendo que se formos mais atrás, no final de Maio houve ainda outra onda de calor – esta ainda antes do Verão começar, pelo que não é incluída nos relatórios climáticos IPMA

FOI TAMBÉM O VERÃO MAIS SECO JÁ REGISTADO!

Fomos repetindo muitas vezes ao longo do Verão que estava a ser um Verão muito seco – e sempre com respostas, inevitavelmente, do género “Mas é Verão, queriam que chovesse?” – sim, é normal não chover muito no Verão, mas é normal chover

Quem não se lembra das habituais trovoadas e chuvadas de Verão no Interior? Ou das manhãs de chuvisco no litoral, em especial a Norte (que só chegaram quase no final de Agosto…)? Tudo isso é normal, e não se foi vendo durante este Verão

O resultado? Precipitação muito abaixo da média, e, inclusivamente, inexistente em alguns locais! Sim, a média indica 24% do total, o que é muito pouco, mas se não fossem os últimos dias de agosto teríamos tido valores ainda mais baixos – efetivamente entre o meio de Maio e o final de agosto o tempo esteve excecionalmente seco (pode continuar no Outono, como já referimos…)

As consequências deste tempo seco, conjugado com o calor, foram bem visíveis: Os fogos florestais que deflagraram (sejam quais forem as causas, e, sim, obviamente que muitos por origem criminosa) foram mais violentos que o habitual, levando a que fossem também muito mais difíceis de controlar – devido a maior disponibilidade de combustíveis, mais secos que o normal, e que tiveram também maior crescimento na Primavera húmida

Esperemos que o outono venha com chuva – porque é muito necessária, ainda que as barragens tenham muita água – a verdade é que estamos em seca meteorológica, e as terras precisam de água – a vegetação está neste momento em elevada stress hídrico – e tirando alguma chuva dia 7, as previsões não são famosas – podemos mesmo ter mais uma onda de calor a meio de setembro

VERÕES CADA VEZ MAIS LONGOS E QUENTES – AMEAÇA PARA A SAÚDE PÚBLICA (E FLORESTAS…)

Os dados de modelos, previsões científicas, estudos – está tudo em consenso – os Verões em Portugal serão cada vez mais longos, e mais quentes – com tendência para começarem mais cedo e se prolongarem até mais tarde

Poderão, assim, haver, cada vez mais ondas de calor, e mais prolongadas – além de mais intensas. As ondas de calor de 2025 foram duradouras, e com máximos muito elevados, mas facilmente em anos vindouros poderemos estar a olhar para 2025 como um ano “fresco” em comparação, infelizmente

Este foi um Verão La Niña, em que tivemos muito calor, efetivamente, particularmente porque o anticiclone “não nos largou”, mas podia ter sido pior – num ano El Niño poderia haver potencial para valores máximos mais extremos. Mas, infelizmente, o pior está claramente para vir

Continuamos a bater recordes de emissões, e ainda não há sinais de abrandamento do desiquilíbrio energético (entre a energia solar incidente e refletida), pelo que, inevitavelmente, continuaremos a ter mais e mais aquecimento a nível global

2003 foi um Verão muito quente, 2005 também, mas 2025 “destronou” ambos como o mais quente – infelizmente é MUITO improvável que demore agora 20 anos a que se registe um Verão mais quente – não podemos saber se será já para o ano, mas com elevada probabilidade nos próximos 5 anos deverá ser

Infelizmente registámos mais de 1000 mortes em excesso que podem ser atribuídas ao calor, segundo as autoridades – e é provável que estes valores possam ser ainda mais elevados nos próximos anos. Além disso, e ainda de forma preliminar, a área ardida é já uma das piores dos últimos 20 anos

É necessário adaptação, desde reforço do sistema de saúde no Verão, melhor gestão das florestas, passando também por incutir na mentalidade das pessoas que “não é apenas Verão” – são os Verões mais quentes das nossas vidas (para já) e não podemos desvalorizar os efeitos!

Muito obrigado pela leitura desta informação, que esperamos que lhe seja muito útil!

Conte-nos nos comentários abaixo: O que achou deste Verão? 

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