Temporada de furacões 2024 muito ativa? Previsão geral e informações para Portugal

Conteúdos
A temporada de furacões começou no dia 1 de Junho, e vai até ao final de Novembro. Pelo menos são estas as datas definidas, embora por vezes ocorram furacões fora destas datas, pois, obviamente, a natureza não se rege por datas exatas (um exemplo disso foi o furacão Alex nos Açores em Janeiro de 2016)
No entanto o Verão no hemisfério Norte é o período em que estas tempestades, por vezes muito intensas, ocorrem (geralmente), devido a vários fatores. O facto de ser Verão, e de a radiação solar aquecer a água do mar, o “combustível” principal para a formação dos ciclones é apenas um desses fatores, sendo que outros fatores como a redução do wind-shear no período de Verão\Outono, e o aumento da humidade nesta altura do ano nas latitudes tropicais (0-30ºN) são igualmente importantes
Tem sido falado e mencionado constantemente que 2024 poderá ter uma temporada de furacões muito ativa e anormal – mas será assim, e porquê?
Comecemos por ver a anomalia da temperatura da água do mar, e teremos desde já um grande fator chave nesta previsão – nunca tivemos água do mar tão quente nesta altura do ano!
TEMPORADA DE FURACÕES 2024 – SERÁ MESMO MUITO ATIVA?
A água do mar no oceano Atlântico está extremamente quente! Podemos ver que a área de desenvolvimento tropical, logo acima dos 0ºN de latitude, e até à latitude dos Açores, aproximadamente, está MUITO MAIS QUENTE QUE A MÉDIA!
Isto inclui 3 áreas chave na formação dos ciclones – a chamada região de desenvolvimento tropical principal (Por vezes denominada MDR, do Inglês “Main Development Region”) que inclui as zonas de Cabo Verde (Que formam muitas vezes os ciclones mais intensos) pois os mesmos têm depois um largo caminho para percorrer no oceano, absorvendo água quente\energia, a zona das Caraíbas e o Golfo do México
As várias entidades oficiais, as mais “importantes” sendo a MetOffice, a NOAA e o ECMWF, já publicaram as suas previsões para esta temporada de furacões, e as 3 têm algo em comum: Prevêem que possa ser a mais ativa que já registámos. E temos de concordar em absoluto com esta previsão – as condições são excecionais
Atentemos à imagem acima, de anomalia de temperatura da água do mar, e vejamos a costa Oeste da América do Sul – podemos ver uma anomalia negativa de temperatura já, o que poderá ser o início do fenómeno La Niña, o contrário do El Niño. Essa anomalia negativa de temperatura nessa região, cíclica, e em que os ventos alísios (trade-winds) desempenham um papel fundamental, é também crucial para o desenvolvimento tropical, sendo que com a previsão atual de passagem à fase La Niña do ENSO (Oscilação do Sul El Niño) a probabilidade de furacões mais intensos e com maior facilidade de formação aumenta muito
Esta correlação é já bem conhecida e estudada, e deve-se a uma redução significativa do wind-shear (cisalhamento) no Atlântico. Este fenómeno caracteriza-se por uma mudança rápida na direção dos ventos, o que destrói os ciclones, ou impede mesmo a sua formação. Por muito quente que a água do oceano esteja se o wind-shear for elevado não se irão formar furacões! Daí a previsão de La Niña, e a consequente redução do wind-shear ser um fator tão importante na previsão 2024
Podemos ver segundo as previsões NOAA que o surgimento de La Niña é muito provável nestes próximos meses. Mar muito quente + La Niña é um “cocktail” para a formação de furacões – no entanto as poeiras Saarianas também têm um papel a dizer, e a previsão das mesmas é muito difícil – sendo que se se mantiverem durante o Verão irão inibir um pouco a formação ciclónica – historicamente temos muita dificuldade com a previsão de poeiras no Atlântico a longo prazo
QUANDO COMEÇARÃO A SURGIR, E QUAIS AS TRAJETÓRIAS PREVISTAS?
Esta é a “pergunta para um milhão” que todos gostávamos de responder, mas infelizmente não é assim tão simples
Há sinais nos ensembles, e nos operacionais de alguns modelos (GFS\CMC, por exemplo) que mostram que a atividade poderá surgir já a meio do mês, aproximadamente, no golfo do México, sendo que na segunda quinzena de Junho pode intensificar, aí já com algum apoio do modelo ECMWF\IFS
No entanto para já ainda é uma possibilidade baixa, e pouco significativa estatisticamente
Mas a atividade principal costuma concentrar-se entre Agosto e Outubro – e, de facto, apontamos para uma temporada excecional por volta dessa altura
Mas a pergunta mais difícil e que todos gostavam de ver respondida é: Quando se formarem os ciclones, para onde irão? Quem afetarão?
Na verdade não sabemos, todos os anos tentamos prever onde poderão vir a ser mais prováveis, mas as previsões têm melhorado apenas ligeiramente – isto porque os padrões de larga escala a esta distância são difíceis de prever, e ainda é mais difícil de prever pois, a juntar à dificuldade na previsão do padrão de circulação geral, os ciclones, dependendo da intensidade, conseguem gerar “o próprio micro-ambiente”, e alterar a trajetória prevista ao interagir com as correntes de jato, quebrando anticiclones etc
Por isso o melhor mesmo é não arriscar nestas previsões, nem alarmar, mas, obviamente, as costas Sul\Leste dos EUA, assim como a região das Caraíbas são sempre as regiões com maior probabilidade de impacto dos ciclones tropicais (já falaremos sobre Portugal…)
Para os próximos dias podemos ver que o modelo ECMWF\IFS já vê no seu ensemble a probabilidade de formação de algum ciclone no Golfo do México – veremos – seria a tempestade “Alberto”
PODERÃO ESTES CICLONES VIR A AFETAR PORTUGAL?
Este ano, até ver, está a ser muito semelhante a 2018 nos padrões atmosféricos no início do Verão – e nesse ano tivemos o furacão Leslie a afetar Portugal Continental, em Outubro
Mas, isto não quer dizer muito – pode haver ainda grandes alterações ao longo do Verão, e o padrão atmosférico pode alterar-se por completo, e podem nem sequer surgir furacões nas regiões propícias para uma trajetória que os possam trazer para cá
Mas o risco aumenta a cada ano que passa, também com o aumento das temperaturas do oceano
Nos Açores o risco é já moderado – quase todos os anos há ameaças, ou mesmo impacto de algum ciclone tropical, o mais notável o “Lorenzo” em 2019, tendo atingido categoria 5 na trajetória, e atingido os Açores entre as categorias 2 e 3, provocando muitos danos nas ilhas Ocidentais
E este ano não será diferente – as latitudes 30-35ºC (sub-trópicos) estão a aquecer rapidamente (acredita-se atualmente que se deve em grande parte à redução de emissões poluentes\aerossóis dos navios após nova legislação em 2020) e isso faz com que, para além do risco de ciclones que possam ter uma trajetória longa desde a principal região de desenvolvimento até aos Açores, que existe, exista também o risco de formação de ciclones muito próximos, pois as águas Açorianas no Verão já atingem 24-26ºC – sendo assim possível formações tropicais já em águas de Portugal
No Continente e Madeira tudo dependerá do anticiclone… em Julho e Agosto o mesmo deverá estar sólido e deverá “guiar” os ciclones em direção às regiões que, infelizmente, devem ser fortemente afetadas, e já mencionámos – Caraíbas e E.U.A.
Por outro lado no Outono, mantendo-se um padrão semelhante a 2018, o anticiclone, na sua movimentação natural e “relaxamento” em Outubro\Novembro, poderá permitir a aproximação de algum ciclone tropical. Dadas as condições de La Niña + oceano muito quente acreditamos que esta temporada de furacões se possa mesmo estender até Dezembro, altura em que o risco de furacões seria maior em Portugal, pelo que teremos de acompanhar
Ainda assim não vamos ficar alarmados – a probabilidade continua a ser baixa – mas mais provável a cada ano que passa. Já no resto do Atlântico, segundo a NOAA, a probabilidade de ser acima do normal é de 85% – com até 25 tempestades nomeadas…
NOMES DE FURACÕES – COMO SÃO ESCOLHIDOS?
Certamente que muitos sabem, mas deixamos a informação para quem tiver curiosidade!
Os furacões são escolhidos com base numa lista pré-definida, desde 1953. A partir daí foi adotada uma lista de nomes para cada ano, com nomes curtos e fáceis de pronunciar, e que se repete de 6 em 6 anos (por isso depois de 2018, 6 anos depois, Leslie volta a estar na lista)
Ou seja os nomes são sempre os mesmos a cada 6 anos, para o ano por exemplo voltaremos a ter o nome Lorenzo, nome do furacão que afetou os Açores em 2019, há 5 anos. Mas há exceções: Se um furacão causar elevados estragos\vítimas o seu nome é REMOVIDO da lista, sendo substituído por outro
Damos o nome aos ciclones tropicais para efeitos de comunicação, e também para registo futuro
Para este ano fica a lista de nomes escolhidos (não quer dizer que venham a ser nomeados todos). Por outro lado, se acabarmos a lista, passamos a usar o alfabeto grego para nomear os excedentes!
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Fontes usadas para esta informação meteorológica
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